A série Trials que começou em 2000 como um jogo de browser é agora uma das séries mais respeitadas no mundo dos videojogos. Após 19 anos desde o primeiro título, “Trials Rising” chega às lojas para melhorar o que de bom já tinha sido feito em “Evolution” e “Fusion”, mas sem surpreender.
O estúdio finlândes RedLynx foi fundado em 2000 por dois irmãos, Antti and Atte Ilvessuo, com o intuito de fazerem jogos mobiles. Inspirando-se no título de 1987 “Kikstart 2”, na altura publicado para Amiga, Amstrad CPC, Commodore 64 e ZX Spectrum, os irmãos Ilvessuo quiseram trazer um jogo viciante e fácil de começar a jogar.
19 anos depois o estúdio passou a empregar mais de uma centena de trabalhadores e foi adquirido pela gigante francesa Ubisoft em 2011. Desde então a série Trials tem sido uma presença constante nas consolas. Mas ainda não tinha aparecido em nenhuma consola da nipónica Nintendo. “Trials Rising” termina essa ausência, de uma série que faz todo o sentido estar disponível numa consola com a portabilidade da Nintendo Switch, na teoria.
Foi isso que nos dedicámos a analisar nos últimos dias. “Trials Rising” na Switch tem o mesmo conteúdo que nas outras consolas, logo esta análise cobrirá tudo o que o jogo pode oferecer nas diferentes plataformas onde se encontra disponível.
Primeiramente interessa falar da jogabilidade. Para quem já jogou Trials, principalmente os dois últimos da série, não irá encontrar grandes alterações nas mecânicas. Mas tal como se diz muita vez no desporto, “em equipa que ganha não se mexe”. Por isso se já gostavam de Trials antes de “Rising” vão ficar satisfeitos com o tempo que dispensarem para este título. Basicamente usamos botões para acelerar, travar e direccionamos a nossa mota. É tudo o que precisam para jogar Trials e isso continua a ser bem verdade em “Rising”. A série Trials sempre foi uma série de precisão, em que se tem de medir bem quando acelerar e quanto. E se tudo isto deverá funcionar perfeitamente nas outras versões de “Trials Rising”, a versão para a Nintendo Switch sofre dum problema com o hardware da consola, nomeadamente dos Joy-Cons. O facto dos Joy-Cons não oferecerem “analog triggers” complica o controlo de quanto gás conseguimos aplicar na aceleração da moto. É verdade que é possível fazer essa gestão com o analógico do Joy-Con direito, mas não é tão prático.
Outro ponto importante para qualquer jogo da série, é a criatividade e exigência das pistas, e uma vez mais a RedLynx não desilude. Logo no início do modo carreira somos presenteados com layouts de pistas que metem ao canto grande parte dos títulos que tentam copiar/imitar a essência de Trials. E até ao final serão vários as pistas que testam o jogador até ao limite e que obrigam a que haja paciência do lado do jogador para que as consiga completar. Em algumas dessas situações o jogo obriga a que o jogador recorra da estratégia “trial and error” (fazendo jus ao título da série), o que até percebemos quando utilizado na medida certa, mas achamos que “Rising” seria ainda melhor se não frustrasse tanto os jogadores com estas situações. Os gráficos de “Trials Rising” ajudam a criar uma imersão interessante em relação a cada pista, apesar da versão da Switch sofrer de algum “blur” e ser menos detalhado do que as versões das outras consolas. A Switch ainda sofre com mais um problema que é o facto da framerate do jogo estar bloqueada a 30fps, enquanto que na “concorrência” é possível jogar a 60fps, o que acaba por ser facilmente notado na comparação entre as versões.
O jogo tem conteúdo que nunca mais acaba, pois parece sempre ser possível fazer mais e melhor em cada pista, e é daqueles títulos que nos faz padecer daquele síndrome que tanto gostamos, que é o de nunca querer parar de jogar. “É só mais uma pista” disse para mim muitas vezes, mas raramente respeitei essa decisão. Engraçado como uma série que já me viciava em 2007 com “Trials 2”, continua a manter essa capacidade sem mudar a sua jogabilidade de forma drástica.
Para completar o processo de diversão de um jogo arcada como este, é necessário uma boa banda-sonora, e “Trials Rising” tem isso. Misturando rock, rap, hip-hop, metal, e EDM com nomes como Motorhead, Anthrax, Trivium, In Flames, Billy Talent, Sum 41 ou Jackson 5, todos terão um bom momento e não precisarão de ouvir músicas no Spotify com a consola em mute.
“Trials Rising” continua a ser aquilo que esperamos da série: divertido, viciante e fácil de pegar. Com muito conteúdo, pistas criativas e dificuldade que aumenta naturalmente, “Rising” é o passo certo na série. A versão da Nintendo Switch pode sofrer de alguns problemas técnicos, mas se preferem a portabilidade num título como este, é a versão certa para vocês.