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Análise Gaming – ‘God of War’

Análise Gaming – ‘God of War’

O novo God of War reinventa Kratos e a saga. A Santa Monica Studios conseguiu fazê-lo de forma soberba, oferecendo-nos o melhor jogo da saga e um dos melhores da geração actual.

Quando o novo título sobre Kratos foi anunciado para a Playstation 4 na E3 de 2016, muitos duvidaram do que aí viria. Eu próprio posso assumir que levantei algumas questões sobre o foco do novo ‘God of War’, e o distanciamento que apresentava em relação à trilogia original. Mas tenho agora de assumir o meu erro de juízo precipitado. O novo jogo, que é hoje lançado mundialmente, é um título imprescindível para quem gosta de videojogos, e sobretudo para quem aprecia aventuras single-player assentes numa forte narrativa.

O que a Santa Monica Studios fez nesta reinvenção da saga não é só um passo em frente, mas sim um salto de fé (algo mais associado a outra franchise conhecida do meio, ‘Assassin’s Creed’). Seria mais simples para o estúdio produzir um ‘God of War 4’, mais fiel à trilogia original, que certamente venderia unidades suficientes para satisfazer todos os envolvidos. Mas a série precisava de uma revitalização, principalmente depois de ‘Ascension’ não ter causado o mesmo impacto que os 3 títulos anteriores. E com essa ideia em mente, a equipa partiu para este projecto, sabendo certamente das dificuldades que teriam em transformar o universo de uma personagem tão poderosa (e às vezes tão “imbecil”) em alguém com o qual o jogador se poderia relacionar e identificar.

Pode-se dizer que esta novo projecto faz lembrar em demasia ‘The Last of Us’, devido à relação entre Kratos e seu filho Atreus e o peso emocional que o jogo tenta transmitir, ou mais robuscadamente afirmar que o jogo lembra ‘Resident Evil 4’ devido à posição da câmara sobre os ombros do protagonista, sendo esta uma das maiores mudanças na saga, fugindo da visão isométrica dos títulos anteriores. Muitas comparações podem ser atiradas para cima da mesa deste ‘God of War’, mas a identidade continua bem presente e isso é louvável, o que acaba por dar a ideia de que Cory Barlog (o director criativo do estúdio) e o resto do estúdio se inspiraram nas melhores mecânicas dos melhores jogos que conhecem e adaptaram-nas ao universo de Kratos.

Este novo capítulo sobre o deus da guerra é uma continuação de ‘God of War 3’, muitos anos depois dos acontecimentos desse jogo. Kratos deixou para trás o Monte Olimpo e encontra-se refugiado em terras nórdicas com Atreus, o que acaba por se traduzir noutra das mudanças radicais desta nova iteração: adeus mitologia grega, seja bem-vinda mitologia nórdica. Sem contar muito da história (pois é algo que merece ser jogado e visto por cada um), o motivo que leva a que pai e filho partilhem a aventura apresentada neste novo ‘God of War’ demonstra o crescimento deste meio ao nível da narrativa.

Os primeiros minutos são logo impactantes, dando-nos uma ideia do que aí vem e que ficaremos colados à história. Desde o início fiquei surpreendido com a maturidade dos diálogos e da relação tão natural entre Kratos e Atreus. Sim, ‘The Last of Us’ terá tido uma grande influência neste jogo, mas tenho a ideia que o aluno terá ultrapassado o mestre neste caso, algo que nunca pensaria dizer de um God of War anteriormente. Os pequenos detalhes são deliciosos e o jogo consegue oferecer algo dificílimo de alcançar, que é o facto de conseguirmos ver a perspectiva de ambos, sem preferir nenhum dos lados. Kratos tem motivos para agir de uma determinada forma, que Atreus nem sempre gosta ou compreende, só nós, jogadores, percebemos e entendemos ambos.

Se pensam que Atreus é um miúdo irritante ou alguém que só atrapalha, tanto na jogabilidade como na narrativa, estão muito enganados. Ao nível da relação entre pai-filho, são vários os momentos em que Atreus tem razão e Kratos erra (o que acaba por dar um ar muito mais humano ao deus da guerra).

Narrativamente estamos conversados, passemos à jogabilidade. Kratos largou as famosas Blades of Chaos na Grécia e vem munido agora com o Leviathan Axe. Um machado poderoso capaz de ser utilizado de diversas formas, tanto em ataque de curta distância como longa, atirando o machado contra os inimigos e chamando-o de volta, a la Thor (esta é sem dúvida uma das minhas animações preferidas do jogo). Para além do machado, podemos obviamente atacar os inimigos com as nossas próprias mãos, com a própria raiva inerente a Kratos em momentos de maior tensão, e contar com a ajuda de Atreus no campo de batalha.

À medida que o tempo passa, Atreus vai-se tornando cada vez mais importante, contribuindo largamente para vitórias frente a inimigos inteligentes, isto porque muitas vezes me deparei com um dos inimigos a quebrar a minha defesa, outro a tentar aproveitar esse deslize, e Atreus a acertar-lhe com uma seta que o desconcentra e dá-me o tempo suficiente para recompor ou cair em cima desse rival. Ao nível dos inimigos encontrados, continuamos a ter as lutas épicas contra bosses que nos levam ao desespero e muita frustração, mas o que destaco mais são os ataques em grupo dos inimigos que vamos encontrando pelo percurso. Normalmente são variados e espertos, o que nos levam a subir a nossa qualidade de luta e a pensar melhor no que fazer.

O jogo segue as tendências dos RPG ocidentais, com muito por onde explorar, podendo fugir do caminho linear da história principal e disponibilizando imensos upgrades e movimentos novos durante o tempo que jogamos. Sentimos que tudo se conjuga para uma experiência enriquecedora e que nunca sabemos tudo, o que acaba por tornar o combate mais técnico e menos “bruto”. Menos hack & slash podemos dizer. Continuamos, no entanto, a ter puzzles e caixas por abrir, e são bem interpretados também.

Graficamente falando, o jogo é um portento. É lindo e tem vários tipos de textura e iluminação que nos deixam boquiabertos. Já ‘Uncharted 4’ e ‘Horizon Zero Dawn’ tinham colocado a fasquia bem alta, mas ‘God of War’ não tem problemas em associar-se a esses títulos ao nível gráfico. Mais ainda por ter jogado numa Plastation 4 “normal” e não conseguindo aproveitar tudo o que a PS4 Pro consegue oferecer. Acredito que a experiência seja ainda mais admirável neste último sistema.

No departamento da música, mais um ponto extremamente positivo para esta reinvenção da saga. A banda-sonora de Bear McCreary é imersiva e grandiosa. Se nos últimos dias o único jogo que me tem passado pelas mãos é ‘God of War’, no meu Spotify o meu histórico demonstra que também não tenho fugido muito da banda-sonora do título.

‘God of War’ é um jogo que assenta na narrativa e acaba por nos oferecer algo a que não estávamos habituados: uma ligação emocional às personagens do universo. Continua divertido como tudo lutar contra bosses e hordas de inimigos, ainda para mais acompanhado agora por esta vertente emocional, gráficos e música estonteantes. Kratos está diferente, mas para melhor.

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