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2014: Começámos no Inferno, passámos, em Barcelos, o cabo das tormentas, acabámos nas portas do céu.

2014: Começámos no Inferno, passámos, em Barcelos, o cabo das tormentas, acabámos nas portas do céu.

Para falarmos do ano 2014, em termos desportivos, para o nosso clube, temos inevitavelmente, de parti-lo em duas partes tão distintas: a primeira parte, de janeiro a maio e a segunda de meados de Agosto a finais de Dezembro.

Na primeira parte (Janeiro a Maio), sentiu-se na pele os fantasmas que pairaram no Restelo num passado triste tão próximo, via-se a Nau, que na época anterior tinha conquistado a opinião de tudo e todos, a afundar em velocidade cruzeiro; Na segunda parte (Meados de Agosto a Dezembro) recomeçou-se a sonhar, com desconfiança, certo, mas percebe-se: o passado recente amargurou-nos muito que temos medo que o sucesso seja efémero.

No desporto, como na Vida, existem altos e baixos e sentimos bem essa máxima este ano: Começámos no Inferno, passámos, em Barcelos, o cabo das tormentas, acabámos nas portas do céu.

Na primeira metade que vos falei existem coisas que vos quero falar: Marco Paulo, Lito Vidigal, Paços de Ferreira, Gil Vicente, Estoril e Arouca.

Marco Paulo assumiu o comando técnico da equipa, após saída, por motivos de saúde, de Mitchell Van Der Gaag. Embora com muita falta de experiência, foi o escolhido para treinador interino (ficava até o Técnico Holandês estar apto). O percurso não foi fácil, os resultados não apareceram e o excesso de passividade ditou a sua saída. Mas, penso que, a ele, só temos que agradecer, apesar desta passagem menos feliz: foi quem nos safou da descida à 2.ª B nesse deserto da Segunda Liga Portuguesa. No dia 16/03/14 o Belenenses perde 1-3 com o V. Setúbal em casa. Há chicotada psicológica. Lito Vidigal, assume o comando técnico.

Lito Vidigal assume a equipa, em último lugar com 17 pontos, menos 5 que o Arouca, primeira equipa acima da Linha de Água, com a sua chegada, tudo mudou. Este ciclo pós Lito, chamo-o de percurso dos guerreiros.

Fomos ao Dragão, lutámos de igual para igual, batemo-nos pelo resultado, mas perdemos. Notava-se, de longe, muitas melhorias na equipa.

Seguiu-se um empate com o Paços de Ferreira, no Restelo, nosso concorrente direto, na luta pela manutenção, o Restelo fervilhou nessa noite, estava um vulcão em Erupção, sentia -se o nervosismo e a impotência de nada se poder fazer. Víamos, diante de nós, a queda, inevitável de um Grande, sentíamos que o passado triste estava, de novo, bastante próximo. Acredito, ainda hoje, que muitos de nós deitaram, nesse dia, a toalha ao chão.

Na semana seguinte, fomos a Barcelos. O Gil Vicente se ganhasse mantinha-se automaticamente na 1.ª divisão, vivia-se clima de festa nessa cidade nortenha. Eu tive a sorte de ir no autocarro cedido pelo clube, de graça, nessa deslocação. O autocarro tinha 50 lugares, éramos 47 pessoas, mesmo sendo de graça. Hoje, como naquele dia, penso que só nós, que íamos nesse autocarro acreditámos que seria possível inverter a História, inverter a força que nos fazia pender para o inferno. Ganhámos. 1-0, Miguel Rosa marca e vem festejar junto de quem mais o idolatra. Começava aqui a cavalgada final para a manutenção, passámos o cabo das tormentas.

A vitória a seguir, em casa, frente ao V. Guimarães, tirou-nos, definitivamente dos lugares de descida.

No Estoril tivemos a maior e melhor demonstração de Belenensismo do ano: éramos centenas, centenas, a perder de vista. Empatamos 1-1, mas foi uma tarde bonita, tudo a puxar pela equipa, tudo a gritar, tudo com esperança.

Com o Arouca em casa, houve o Alívio, nos últimos minutos com o golo do Deyverson, a centro de João Pedro. Viveu-se uma tarde de emoções fortes, mas acabou tudo em Harmonia.

Quanto à segunda parte do ano ( Meados de Agosto a Dezembro ), pouco há a dizer: como D. Afonso Henriques, em 1147, reconquistou Lisboa aos Mouros, o Belenenses, quase 850 anos depois, começa, finalmente, a reconquistar não só Lisboa, mas também todo Portugal. Hoje somos grandes aos nossos olhos, amanhã, seremos, outra vez, grandes, aos olhos de todo o fenómeno desportivo em Portugal.

Estamos a fazer uma época bem acima da nossa equipa, mas nunca acima do nosso clube. A equipa é quase a mesma, o treinador Lito Vidigal é que a pegou de início, e isso faz toda a diferença.

Estamos em três frentes e assim queremos continuar.

Que o ano de 2015 nos traga boas recordações, mas eu peço uma, em especial: a presença no Jamor. Vamos repetir 89, eu acredito, deêm-me essa alegria. Camisola azul perdura para sempre.

Bom ano novo e saudação azuis !

2014: Começámos no Inferno, passámos, em Barcelos, o cabo das tormentas, acabámos nas portas do céu.Google Notícias

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