Werewolf: The Apocalypse – Earthblood, o tão esperado jogo de lobisomens que partilha o mesmo universo fictício de jogos como Vampire: The Masquerade – Bloodlines, chegou finalmente às consolas da nova geração e PC. Conheça a nossa opinião sobre este jogo.
Análise feita por: João Mateus (Retro Raider)
Os vampiros do universo de World of Darkness já marcaram várias vezes presença no mundo do gaming. Agora é a vez dos Lobisomens do clássico RPG de mesa defenderem o seu clã.
Esta nova proposta da desenvolvedora Cyanide revelou ser um pouco mais linear e simples do que deram a entender os trailers inicialmente lançados, que faziam esperar um projeto muito mais ambicioso.
Em Werewolf: The Apocalypse – Earthblood vestimos a pele do “lobo” Cahal, um Lobisomem que abandonou a sua tribo após um incidente que culminou na morte de um dos seus membros. Anos mais tarde, Cahal regressa para os proteger de uma nova ameaça, a Pentex, uma corporação corrupta movida pela ganância, que tem vindo a poluir a terra e a causar desastres ambientais provenientes das suas práticas nefastas.
Num cenário de guerra, Cahal parte numa demanda não só para salvar a terra, mas também para se redimir e dominar o seu lado animalesco.
Earthblood apresenta-se como um RPG de ação, mas na verdade está muito mais próximo de ser um Stealth Game com elementos de Role Play.
O jogo desenrola-se numa perspetiva de 3ª pessoa, com uma progressão bastante linear por diferentes áreas, e mecânicas de movimento tático misturado com combate corpo a corpo.
Pelo caminho, temos momentos narrativos com várias opções de diálogo, que contextualizam e dão progressão à história do jogo. São apresentadas personagens que se vão cruzando com Cahal, assim como as suas relações, laços familiares, historial e tramas.
O atrativo do jogo foca-se nas diversas transformações do protagonista: Homid, Lupus e Crinos.
Homid é a forma humana de Cahal, na qual iremos passar a maior parte do tempo, sendo esta a sua aparência padrão. É nesta forma que decorrem as interações sociais com outras personagens, assim como a maior parte dos momentos táticos e furtivos do jogo, através de movimentos silenciosos, e na qual é possível usar uma besta para assassinatos de longo alcance. Cahal recorre também à forma humana para se infiltrar em armazéns, bases militares ou laboratórios, utilizando manobras como hacking a computadores para abrir portas e desativar câmaras de vigilância.
Lupus , a forma de lobo, é a mais simples das três. Esta transformação centra-se em agilidade e velocidade, sendo útil em situações onde temos de fugir de inimigos, ou para aceder a áreas específicas, como passagens estreitas ou aberturas de ventilação inacessíveis em forma humana.
Por último, temos a Crinos, a clássica transformação Homem-Lobo. Esta é, sem surpresa, a mais apelativa e adequada para combates agressivos corpo a corpo, com um leque de ataques e habilidades repletos de agressividade, como esperamos encontrar num lobisomem. Esta transformação dá uma nova dinâmica ao jogo e oferece passagens de momentos mais furtivos para autênticas rixas violentas, que resultam em verdadeiros banhos de sangue. Em Crinos temos duas variantes de combate – Stances – que devem ser tomadas em consideração consoante o ou os adversários que temos pela frente.
Agile Stance foca-se em destreza, com movimentos e ataques rápidos e esquivas. Já a Heavy Stance oferece mais resiliência e dano, a troco de uma movimentação mais lenta.
Tendo em conta que jogamos na pele de um lobisomem, temos ao nosso dispor uma mecânica de adrenalina ou Frenzy. A barra de Frenzy vai enchendo à medida que derrotamos inimigos em combate. Uma vez cheia, podemos libertar a fúria acumulada que desbloqueia ataques especiais, causando danos significativos, se bem que, durante o período de tempo em que a barra de Frenzy esvazia, não podemos usar outras habilidades especiais e/ou curarmo-nos.
Ao longo do jogo, vamos ganhando pontos de experiência, que podemos gastar em novas habilidades para fortalecer a personagem.
A nível gráfico, o jogo apresenta-se com uma cinematic de abertura que promete uma experiência bem imersiva de nova geração, mas rapidamente essa experiência se transforma num ambiente gráfico medíocre ao passarmos para o gameplay. Visualmente não deslumbra, com texturas muito pouco polidas, que não favorecem o cenário e a área de jogo que rodeia os modelos das personagens. Já estes, estão bem desenhados, mas pecam por terem expressões faciais muito pobres e uma dessincronização entre os movimentos labiais e os sons de voz.
O modelo do protagonista foi claramente mais trabalhado, o que não favorece a experiência pela positiva, pois nota-se uma discrepância no detalhe quando comparamos Cahal com os inimigos e NPCs. Por vezes, o resultado acaba mesmo por provocar a sensação de estarmos a jogar uma versão BETA ou inacabada.
A jogabilidade é simples e intuitiva, com comandos responsivos. Ainda assim, sofre de algumas falhas visíveis, nomeadamente nas animações de saltos e em certos movimentos mais rápidos, como os da forma Lupus. O resultado são movimentos rígidos e com algumas falhas de colisão.
No departamento de áudio, embora os textos dos diálogos e narrações sejam muito bons, o voice acting não é dos melhores, muitas vezes não transparecendo grande sentimento, mesmo nos momentos mais emocionantes do jogo. A banda sonora, no entanto, dá pontos positivos a toda a experiência. Várias trilhas sonoras nas áreas do Rock, Metal e Dark Ambient brindam o jogo, repletas de riffs rasgados de guitarras, ritmos pesados, passando também por melodias de piano bem melancólicas e sintetizadores “ácidos” que não nos fazem esquecer que estamos a jogar um jogo de lobisomens no universo de World of Darkness.
Aspetos técnicos à parte, o jogo tem um gameplay divertido, um sistema de combate bastante satisfatório e uma história bem contada, numa quest principal com várias side quests paralelas, que oferece finais alternativos. Ao longo de aproximadamente 9 horas de jogo, fica-se, contudo, com a sensação de que faltou muita coisa, mesmo tratando-se de um jogo com baixo orçamento. Falta variedade de locais para explorar, mais opções de personalização do protagonista, mais profundidade nas histórias das personagens secundárias, das suas relações e do seu papel na trama principal. Falta um certo “toque especial” que caracteriza o universo de World of Darkness.
O que prometeu ser um jogo arrojado e imersivo neste icónico universo de vampiros, lobisomens e outras criaturas da noite envolvidas num cenário de guerra, trama e sociedades secretas, que se “mexem” nas sombras em torno de um imaginário de misticismo e terror, revelou-se por isso um jogo simples, muito linear, curto e pouco detalhado.
Mesmo mantendo-se fiel ao lore do jogo de mesa original, Werewolf: The Apocalypse – Earthblood falhou em corresponder à sua premissa, e não é o jogo de lobisomens de World of Darkness que esperávamos encontrar na nova geração de consolas. Ainda assim, fãs e curiosos vão certamente desfrutar deste título enquanto complemento ao universo.
Werewolf: The Apocalypse – Earthblood (PS5) | Análise Gaming
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Werewolf: The Apocalypse – Earthblood, o tão esperado jogo de lobisomens que partilha o mesmo universo fictício de jogos como Vampire: The Masquerade – Bloodlines, chegou finalmente às consolas da nova geração e PC. Conheça a nossa opinião sobre este jogo.
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