Ghost of Yōtei é a prova cabal que quando se faz algo pela segunda vez, tudo pode melhorar. Temos em mãos um jogo que oferece tudo o que Ghost of Tsushima oferecia, mas melhorado em quase todos os aspectos, e com mais originalidade e essência.
Em 2020, a Sucker Punch lançou Ghost of Tsushima. Num ano marcado por inúmeros acontecimentos inesperados, o mundo da PlayStation estava repleto de novidades. De The Last of Us Part II até ao lançamento da PS5, qualquer novo IP dos estúdios da PlayStation não teria vida facilitada para se destacar dos demais.
Mas a Sucker Punch sabia o que tinha desenvolvido com Ghost of Tsushima, acabando por ser um título que marcou o ano e que até foi um ponto de partida para termos ao dia de hoje muitos mais jogos dentro do Japão Feudal.
Ghost of Tsushima foi, na altura, o grande último exclusivo da PS4, mas apesar de todos os seus pontos mais fortes, tinha algumas características do jogo que o impediram de ser um candidato sério a jogo do ano para muitos críticos desta arte. Nomeadamente o desinspirado side content que o jogo oferecia para quem quisesse explorar mais Tsushima para além da história principal e a falta de relação/proximidade que o jogador poderia sentir com o protagonista Jin Sakai.
Não obstante, o grande sucesso comercial desse jogo fez com que a Sucker Punch se atirasse a um novo jogo dentro do universo Ghost.
E eis que chegamos a 2025 com o novíssimo Ghost of Yōtei nas nossas mãos. Um jogo que decorre no século XVII, mais de 300 anos depois dos eventos de Tsushima, à volta do Monte Yōtei em Ezo. Obviamente que o protagonista deste novo jogo na série não é Jin Sakai (embora que há bastantes referências e pontos sobre a sua história espalhados neste jogo) mas sim Atsu, uma mercenária que procura vingança pela sua trágica infância.
A melhor forma de descrever a trama de Ghost of Yōtei sem espalhar informação sensível à história é dizer que desde o primeiro minuto deste jogo que os Kill Bill de Quentin Tarantino não me saíam da cabeça. Duvido muito que estes filmes não tenham servido de inspiração à equipa da Sucker Punch, não só estilisticamente, mas sobretudo narrativamente. O fio condutor deste jogo é a vingança de Atsu perante os Yōtei Six.
E este é para mim a principal grande diferença de Yōtei para Tsushima. Porque em Yōtei sentimos plenamente as emoções que Atsu vive em todos os momentos e queremos saber logo o que vai acontecer de seguida na história de Atsu. A interpretação de Erika Ishii é sublime, mas o que realmente contribui para isso é a forma como a Sucker Punch decidiu abordar a temática da exploração e descoberta dos pontos de interesse, inimigos (incluindo os malfadados Yōtei Six) e side quests.
Se em Tsushima muito se falou do facto de não termos marcadores visuais a entupir o ecrã, Yōtei consegue levar a exploração a um ponto praticamente perfeito. Em Tsushima já tínhamos o vento e os pássaros a indicar-nos para onde deveremos ir, mas em Yōtei somos mais “pressionados” a ouvir o que nos rodeia, a falarmos com os NPCs que encontramos e a explorar Yōtei às vezes sem grande direcção até detectarmos algo que nos aguça a curiosidade. Em Ghost of Yōtei desbloqueei missões e upgrades para Atsu sem qualquer indicação prévia sobre o que iria encontrar nem onde. E essa capacidade de exploração coloca-nos nos ombros de Atsu.
Cada figura dos Yōtei Six que Atsu pretende eliminar leva-nos a explorar diferentes biomas à volta do Monte Yōtei, e a fazer um trabalho de investigação até conseguirmos chegar ao nosso objectivo. E cada um deles é bastante diferente dos outros membros dos Yōtei Six, o que faz com que a experiência que se tem nos faça lembrar do progresso típico das séries televisivas, em que cada temporada temos uma nova aventura.
Nas side quests temos agora bounties, em que basicamente podemos fazer o verdadeiro trabalho de mercenário para ganhar recursos para evoluírmos as capacidades e as armas de Atsu. Mas estas bounties são interessantes o suficiente para as querermos jogar, independentemente da recompensa que teremos no final. Aliás, posso dizer que sempre que via uma bounty postada eu nem sequer olhava para a recompensa prometida, apenas queria conhecer mais de Yōtei e descobrir que desafio é que o jogo me prometia.
Em termos de jogabilidade quem jogou Tsushima sabe bem com o que contar, tendo uma mistura de combate com katanas e outras armas típicas do Japão com momentos de stealth. O combate é uma interpretação, poderemos dizer, mais “soft” do que os Souls-like oferecem, mas sendo mais fluído e rápido. Arriscando exagerar na comparação mas sinto que o combate de Ghost pode ser descrito como um Souls-like + Hack n Slash. Algo no meio dessa mistura se encontra o combate desta série. É o aspecto que porventura difere menos de Tsushima, mas temos ainda algumas novidades como o facto de podermos apanhar armas espalhadas pelos cenários ou que os inimigos deixam cair e utilizá-las a nosso favor. Para além disso temos os habituais utensílios como Kunai ou Bombas de Fumo.
Graficamente, Ghost of Yōtei é um espanto, aproveitando as características da consola (neste caso a PS5 Pro) para criar uma ambiência ainda mais cinematográfica do que a que vimos em Tsushima, sendo até complicado não nos imergirmos neste universo digital em Yōtei. O áudio também continua a ser um ponto de destaque do jogo, mesmo que não tendo músicas ou faixas que se destaquem fora do jogo.
O jogo oferece várias dezenas de horas de conteúdo, não só da história principal, mas também o side content, que como está bastante melhor trabalhado do que estava em Tsushima, dá ainda mais vontade de permanecermos em Yōtei. E se isso não for suficiente já sabemos que em 2026 teremos o modo multiplayer Ghost of Yōtei: Legends que deverá replicar a experiência do modo homónimo de Tsushima. Pouco ainda foi revelado, mas certamente teremos novidades em breve após o lançamento de Yōtei.
Se Ghost of Tsushima veio provar à PlayStation que a Sucker Punch é um estúdio que consegue lançar jogos que cativem o grande público, Ghost of Yōtei é o exemplo máximo de que a Sucker Punch consegue entregar uma obra que tanto pode ser do agrado popular como também ser inovadora o suficiente para ser marcante.
Apesar de que só daqui a umas semanas é que conseguiremos avaliar o impacto que Ghost of Yōtei terá perante os jogadores, só posso partilhar a minha experiência com o jogo, e isso consigo garantir que foi muito especial. Sendo um fã de longa data dos projectos da Sucker Punch, sinto que Ghost of Yōtei é o pacote mais completo que a editora produziu.
Ghost of Yōtei é uma continuação perfeita do que vimos em Ghost of Tsushima. E ainda nem vimos como será o novo modo Legends.
Por mais palavras que escreva aqui neste texto, vai tudo desaguar no mesmo: Ghost of Yōtei é uma experiência recomendada e obrigatória para qualquer jogador que tenha uma PlayStation 5.
Ghost of Yōtei (PlayStation 5) | Análise Gaming

Ghost of Yotei é a prova cabal que quando se faz algo pela segunda vez, tudo pode melhorar. Temos em mãos um jogo que oferece tudo o que Ghost of Tsushima oferecia, mas melhorado em quase todos os aspectos, e com mais originalidade e essência.
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