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Crítica – Black Panther

Crítica – Black Panther

Black Panther é realizado por Ryan Coogler e constituído por um elenco de actores negros. Esta é a apresentação de um novo super-herói, que traz algo novo ao universo da Marvel, raramente visto no cinema dos últimos anos. Um filme bastante interessante, que explora muito bem a cultura e a mitologia africana, indo até às suas raízes e mostrando o que de bonito esta cultura tem para oferecer. Com personagens cativantes, Black Panther representa algo inovador no repetitivo e sistemático universo cinematográfico da Marvel.

T’Challa é o novo rei e Black Panther de Wakanda, a comunidade africana de onde este e quase todas as personagens são oriundas, cujo avanço tecnológico a coloca muito à frente do resto do mundo, apesar de isolada do mesmo. Numa viagem ao coração de África, o filme explora a cultura africana de forma mágica e cativante, fazendo uma belíssima homenagem à mesma. Há uma forte ligação à natureza, à terra, às raízes e aos antepassados. Desta forma, o enredo é contado às novas gerações afro-americanas (e do resto do mundo também), com o intuito de empoderamento. Black Panther é mais do que um filme de super-heróis: é uma celebração da pele negra.

Estão presentes críticas e comentários à vida da comunidade afro-americana nos dias de hoje. Várias são as questões sociais, culturais e éticas abordadas ao longo do filme. Os padrões estéticos africanos, nem sempre representados de forma fiel e respeitosa, são aqui predominância, sendo enaltecidos principalmente pelas personagens femininas.

A realização e o argumento tratam dos temas abordados de tal forma que cada plano, cada personagem e cada diálogo, indica que esta é uma história que transporta em si algo que não é alheio nem a Coogler, nem ao elenco. Os comentários sociais e a representação da cultura africana é algo bastante pessoal. O filme dá voz ao realizador e ao elenco, tendo a oportunidade de se afirmarem como negros, mostrando orgulho nas suas raízes. É proporcionada a oportunidade de dizer o que precisa de ser dito. 

Tendo em vista o empoderamento do homem e da mulher africana, o filme não se preocupa em dar continuidade a filmes anteriores, nem em se abrir a futuras sequelas. Não se sente o desespero em fazer dinheiro nem em introduzir de forma precipitada uma nova personagem no universo, para enriquecer o enredo de Avengers, que é comum nos filmes lançados nos últimos anos. Ainda que, no fundo, o acabe por fazer, essa inserção no universo é feita de forma subtil, não havendo a necessidade de assistir a filmes anteriores, nem em prender o público num cliffhanger, para garantir que este regressa à sala de cinema, um ou dois anos depois, para ver uma sequela. Há apenas a preocupação em fazer um bom filme, que cumpre os seus objectivos em termos de storytelling, e que tem uma importância social e cultural para uma comunidade que nem sempre é bem representada, como já foi referido. Black Panther sabe ser um “standalone”, e isso favorece-o.

Black Panther é, sem dúvida, mais do que um filme de super-heróis. Sabendo ir para além dos efeitos especiais de meras sequências de acção, Ryan Coogler cria uma longa–metragem com uma grande importância social e cultural. O empoderamento da comunidade afro-americana é acompanhado por várias críticas à sociedade e pela reflexão sobre diversas questões éticas. A cultura africana é representada através de uma forte ligação às raízes e aos antepassados, enaltecendo a beleza da pele negra. O enredo dirige-se especialmente às novas gerações negras, que vêm representadas as suas raízes africanas, mas transmite também muita coisa aos espectadores de pele branca.

No final de contas, o que Black Panther tem de melhor é a forma como enaltece e homenageia a cultura africana, e como se preocupa em ser, por si próprio, um bom filme, não dependendo de filmes passados nem de futuras sequelas. Não há o desespero em fazer dinheiro nem em criar novas personagens de forma precipitada e descartável. Reconhecendo a sua capacidade de impacto cultural, o filme não necessita de ser mais uma de entre muitas histórias da Marvel. O enredo é, por isso, rico, cativante e inovador, criado e concretizado por uma equipa que se identifica com os temas tratados.

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