Toy Story 4 é o novo filme de Josh Cooley, e o quarto capítulo da franquia de já quase 24 anos de existência. Um filme que não deixa de ter a diversão típica das aventuras dos brinquedos que ganham vida, mas que não consegue ter o mesmo impacto emocional que os três anteriores conseguiram, fazendo escolhas estranhas e inesperadas.
Woody sempre assumiu que o mais importante para si era tomar conta da sua criança, quer fosse Andy, ou Bonnie. Mas, quando Forky, o novo boneco criado por Bonnie, se declara como lixo, Woody assume a responsabilidade de lhe mostrar porque se deve considerar um brinquedo e porque não a deve abandonar no momento em que mais precisa. É esta a intenção que dá início ao novo enredo e serve de motor ao seu desenvolvimento. O argumento consegue concretizar tudo aquilo a que se propõe fazer de novo, excepto dar continuidade ao carisma das personagens já conhecidas. Apesar de conseguir contar a história de forma cativante, embelezada com uma animação muito boa (talvez a melhor de toda a saga), a estrutura narrativa que seguiu deixou de parte algumas das antigas personagens, tornando-as completamente prescindíveis, com diálogos básicos e sentido de humor fraco.
Mas ao acontecer isto aos brinquedos que já conhecemos, abre-se espaço para introduzir as novas personagens. O desenvolvimento destas é muito bem feito, especialmente o de Gabby Gabby, a antagonista do enredo. Paralelamente, Buzz perde imensa densidade psicológica nesta aventura, sendo reduzido a uma personagem de poucas falas e de poucos momentos de protagonismo, parecendo quase uma personagem secundária que não sabe ao certo quem é, ou o que quer, pouco contribuindo para o rumo da história. Este aspecto é bastante incoerente com o que sucedeu nos outros três filmes, pois Buzz foi evoluindo e amadurecendo com o que foi vivendo e aprendendo.
Woody torna-se também uma personagem estranha em todo este cenário. Ao longo do filme, reconhece-se perfeitamente o Woody que tantas gerações cativou. Contudo, no último acto do filme, algumas escolhas para esta personagem tornam as suas motivações um pouco estranhas, como se tivesse mudado os seus valores de um momento para o outro, sem justificação forte, perdendo alguma integridade.
Toy Story 4 não é uma desilusão completa. A história no geral é boa, divertida e com novas personagens. Apesar de o argumento conseguir contar bem a nova história dos brinquedos que ganham vida, falha completamente na gestão do foco de atenção nas personagens novas e nas antigas, havendo um desequilíbrio notável, para além do que é feito no desenvolvimento psicológico das duas personagens principais. Uma saga quase perfeita, que certamente se tornará um clássico da Pixar (se é que já não o é), mas que podia ficar por aqui.