Ora aqui está um livro cujo título parece um cliché, deixando-nos na dúvida se será apenas mais um romance fácil de fazer e com pouco a acrescentar ou se será mais do que isso. “Odeio-te e Amo-te” é o romance de estreia de Sally Thorne, editado pelas Edições ASA, que é uma surpreendente história de Amor/Ódio.
De facto, quando vi o livro amarelo e cor-de-rosa com um título tão simples, pensei “aposto que é um daqueles romances de Amor/Ódio que vai ser aborrecido e previsível”. Não estava 100% errada nem 100% certa, de facto é um romance com uma história de duas personagens, que se odeiam, mas que na verdade não é bem assim, só que não é aborrecido e apesar de ser previsível que nenhuma das personagens se odeiam, o desenrolar da história vai muito além disso e não nos é perceptível o que vai acontecer, tornando-o tudo menos previsível.
O livro conta-nos a história de Lucy Hutton, que odeia o seu colega Joshua Templeman, só que para ela, não é uma mera antipatia, é mesmo um ódio de morte que se instala quando são forçados a trabalhar juntos, chegando a sentir-se uma hostilidade alarmante entre ambos. Passam os dias a fazer jogos um com o outro, para verem qual vai fraquejar primeiro. Joshua é meticuloso, usando as suas camisas numa sequência específica sem nunca falhar a ordem, faz misteriosos símbolos na sua agenda e é desprovido de sentimentos. Lucy por outro lado é divertida, espalhafatosa e excêntrica, chegando a ter uma coleção de bonecas secreta da qual muito se orgulha.
Tudo isto parece interessante e faz-nos querer saber quando é que vai acontecer algo que fará mudar este ódio. É aqui que entra uma nova promoção, onde há um novo lugar que irá pertencer a um deles. Se Lucy vencer a corrida será a chefe de Joshua, mas se perder, jura que se despede. É aqui que começa a surgir a tensão entre eles e é aqui que o leitor se apercebe que o comportamento de ambos começa a mudar e sabemos que algo vai acontecer.
É quando trocam um beijo fugaz no elevador da empresa, capaz de derreter as paredes de aço que os rodeiam, que surgem as dúvidas, será que se odeiam mesmo ou isto é só um maquiavélico jogo? A história começa a ser cada vez mais interessante a partir deste momento. É a partir daqui que o leitor se torna compulsivo em ler página atrás de página para saber até onde este beijo os irá levar.
Acima de tudo quando começamos a ler o livro, sabemos que a dada altura iríamos ter alguma cena entre eles que iria tornar o ódio em amor, mas não sabíamos o que iria ser, tornando este beijo na forma perfeita de começar a criar a dúvida no leitor, ao mesmo tempo que o faz querer ler mais e mais.
Como seria expectável, depois deste beijo instala-se a dúvida na nossa protagonista, fazendo com que a tensão sexual entre ambos comece a crescer, levando este romance para o patamar superior, que apesar de não ter cariz sexual propriamente dito, tem cariz erótico e talvez não seja indicado para menores de idade.
Em suma é uma bonita história de amor que acabamos por presenciar, que em nenhum momento se torna previsível e que tem um desenlace fantástico quando ambos decidem levar a cabo a sua relação. No entanto, peca pela forma como termina, que é demasiado apressada e vaga, deixando o leitor na dúvida se irá haver continuação ou não. A viagem que iria acontecer não chega a ter lugar e ficamos sem saber quem foi o vencedor da dita promoção.
Mas, apesar do final abrupto do livro, é um magnifico livro, escrito de forma corrida e simples, permitindo-nos entrar na história e vivê-la na primeira pessoa com a maior das facilidades. É uma leitura a não perder para quem é fã de romances e de histórias de amor, que vão para além dos clichés habituais.