Monstros Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald é a nova adição à franquia dos Fantastic Beasts e ao universo mágico criado por J. K. Rowling, com argumento da sua autoria e realização de David Yates. Uma aventura fantástica e atribulada, que dá continuidade ao que foi iniciado em 2016 de forma empolgante e cada vez mais obscura, ainda que não tenha a mesma força que o filme anterior.
Depois de Geller Grindelwald (Johnny Deep) ser capturado pela MACUSA (Congresso Mágico dos EUA), o poderoso feiticeiro negro consegue escapar e reunir seguidores, no intuito de criar feiticeiros de sangue puro que consigam controlar todos os seres não-mágicos. Albus Dumbledore (Jude Law), numa tentativa de frustrar os seus planos, convoca o seu ex-aluno Newt Scamander (Eddie Redmayne) para o ajudar, sem saber dos perigos que estão para vir.
Este é maioritariamente um filme de transição e de muita exposição. Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los deu início ao que será uma grande história, que em muito enriquecerá o universo de Harry Potter, mas que consegue ao mesmo tempo ser independente do mesmo (apesar de haver ligações). Em Os Crimes de Grindelwald, o enredo parece não ter um foco preciso, acabando por ser uma junção de vários “subplots” que fazem o encaminhamento para os três filmes que ainda estão por vir. Isto não favorece o enredo, mas também não prejudica. Muitas perguntas são levantadas e muito mistério é gerado em torno de algumas personagens, mas no fim todas as perguntas encontram a sua resposta. As informações necessárias para a continuação da franquia e para a finalidade pretendida são dadas, abrindo espaço para a espectativa do que está para vir.
Outro detalhe que valoriza imenso o enredo é o facto de nesta nova história, as criaturas mágicas continuarem a ter uma presença marcada nos vários momentos da trama, não servindo apenas de embelezamento, dando sentido ao facto de a franquia se chamar “Monstros Fantásticos”, mesmo querendo contar outra história. Ainda assim, o argumento não é tão bom como o primeiro. Alguns diálogos são precipitados em dar explicações no inicío da trama, e algumas das novas personagens não recebem o desenvolvimento psicológico e a “back story” necessária para realmente se destacarem. Há também alguns “plot twists” que sugerem possíveis pequenas incoerências com o enredo do Harry Potter, deixando essa dúvida no ar.
A realização de Yates é, uma vez mais, muito boa. Este domina bem todo o universo, fazendo sequências muito bem realizadas e montadas, como é o caso da de abertura. A nível visual, o filme apresenta belíssimos planos que evidenciam um óptimo trabalho artístico de fotografia, efeitos visuais e efeitos especiais.
Quanto ao elenco, Eddie Redmayne desempenha uma óptima interpretação da sua personagem, continuando a ser uma das grandes qualidades destes novos filmes. Jude Law como Albus Dumbledor não é tão bem concretizado, não pela actuação do actor, mas pelo trabalho de caracterização. Johnny Deep é bastante bom como Grindelwald. Este desenvolve uma interpretação contida e simultaneamente implacável, mostrando um vilão de convicções fortes e um coração de pedra. Mesmo assim, o feiticeiro negro pode ainda ser muito mais aprofundado, pois há momentos em que o argumento não transmite da melhor forma o seu lado mais aterrorizador.
No final de contas, Monstros Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald não é tão bom como o seu anterior. O enredo não tem a mesma força nem uma estrutura que o conduz de modo a evidenciar uma finalidade. Contudo, não deixa de ser um bom filme, que dá uma óptima continuação ao que foi iniciado em Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los. Ainda que o argumento tenha alguns defeitos, a realização dá imensa qualidade ao filme, acabando este por ter a energia necessária para seguir em frente, rumo à história que realmente quer contar.