Conjunto!Evite acabam de lançar o novo single “Controla a Paranóia”, o segundo tema do novo álbum a editar em outubro próximo. Estivemos à conversa com os membros da banda para conhecer mais sobre o percurso do grupo e sobre o seu novo álbum.
A banda, constituída por José Deveza, Manuel Belo, Sebastião Santos, Fábio Neves e Vicente Santos, começou a ter impacto a nível nacional em 2014 com o lançamento do seu primeiro LP “Conjunto!Evite” e ao ganhar alguns concursos que lhes deram a oportunidade de tocar na primeira edição do festival Reverence Valada. Em 2016 lançaram o EP “Ondas e Marés” e agora preparam um novo álbum que será editado no próximo mês de outubro.
O início do Conjunto!Evite remonta a 2010. Como surgiu a banda?
Fábio Neves: O Zé, o Sebastião e eu já tocávamos juntos noutro projeto desde 2008 com outros dois amigos do secundário, o Luís e a Joana, em que tocávamos covers de músicas dos finais dos 60s, dos 70s e 80’s e alguns originais. Demos vários concertos neste formato e a partir do verão de 2009 começámos a dedicar-nos mais à composição de temas originais. Já em 2010, como nem todos estávamos na mesma onda e já há algum tempo que estávamos a ensaiar em modo instrumental, desafiei o resto da malta a levarmos as músicas nesse formato para concerto no Rock’Art, em Cúria, já como Conjunto!Evite, ainda com o Luís na segunda guitarra. Uns meses depois pensámos em convidar alguém para tocar teclas connosco e, por unanimidade, convidámos o Vicente que na altura já andava a tocar com Devaneio. O Luís já tinha nessa altura outros projetos enquanto baixista e decidiu seguir por esse caminho portanto mantivemo-nos como quarteto mas com a troca de uma guitarra e entrada de teclados/synths. A partir daí as coisas começaram a fluir melhor, tocámos bastante os quatro e chegámos aquilo que é a essência da nossa música.
Como definem o estilo musical do Conjunto!Evite?
Vicente Santos: O estilo musical do Conjunto!Evite é um estilo muito próprio com base no rock clássico com estruturas rítmicas do rock progressivo e do funk dos anos 70, muito inspirado em músicas para jogos de vídeo. O estilo próprio vem de nós compormos os temas com muito trabalho, as ideias podem surgir do nada mas o trabalho para elas soarem a Conjunto!Evite vem de muitas horas na sala de ensaio a trabalhar no arranjo e nas decisões estéticas que a música precisa.
De onde vem a inspiração para a vossa música? Há artistas/bandas que vos influenciem?
Manuel Belo: Acho que tudo o que tenha Groove é bem vindo! Claro que há bandas que nos influenciam e nos inspiram, mas dos 5 o espetro alarga-se bem, desde o Grandmaster Flash aos Gojira, do Zappa aos Queens of the Stone Age, dos King Crimson aos Ozric Tentacles, e tantas mas tantas “in between”! Esta pergunta é difícil, são precisas muitas horas e um bom par de colunas para responder corretamente!
Em 2014 lançaram o LP “Conjunto!Evite” e venceram alguns concursos de bandas, como o Concurso de Bandas de Garagem de Setúbal, em 2015. De que forma isto contribuiu para a visibilidade e progresso da banda?
José Deveza: Os concursos de bandas são uma mais-valia aos que estão à procura de serem vistos pelo público. Ser avaliados por um júri pode ser injusto e enervante por não se ser reconhecido! O concurso de Setúbal foi muito feliz para nós a nível de visibilidade, com o concerto pelo 1.º lugar fizemos um total de 3 concertos, sendo o último na feira de Santiago para um grande povo, já por si um prémio. A segunda parte do prémio foi monetário, o que nos ajudou a lançar o nosso EP em 2016. O progresso foi um resultado de concertos com o seguinte lançamento de EP, pode-se dizer que foi este o resultado do concurso de bandas de Setúbal!
Atualmente a banda conta com um estúdio próprio, o BKK. Como surgiu? Este era também um projeto que existia desde o início?
Sebastião Santos: O BKK surgiu do desejo de ter um espaço em Lisboa onde desse para fazer barulho e que fosse um projeto coletivo de amigos que trabalham com som. Conta comigo e com o Vicente a bordo e é, desde 2016, o nosso quartel general em Lisboa. A “Controla a Paranóia” foi lá ensaiada, gravada e misturada pelo Rodrigo Alexandre, técnico da casa e nosso grande companheiro. Sempre gostámos de fazer as coisas por nossa conta e o BKK é uma das peças que neste momento nos permite continuar a trabalhar e a crescer.
“Fauno”, primeiro tema do novo álbum, foi lançado em dezembro de 2017, como tem sido recebido pelo público?
Fábio Neves: Tem sido muito bem recebido! Temos tido boas críticas sobre pormenores de produção, sobre o abrir do leque musical por comparação com o que tínhamos feito até então e também do conteúdo lírico que pelo seu certo perspetivismo e por ser bastante honesto muita gente, principalmente da nossa geração, se consegue relacionar. Para além disso é o nosso primeiro videoclip a chegar em pouco mais de 7 meses aos milhares de visualizações, o que é ainda mais motivo de orgulho por ter sido filmado entre amigos num take único.
“Controla a Paranóia” é a segunda música a ser revelada, o que nos podem dizer sobre este tema? Porque optaram por um tema sem voz?
Vicente Santos: “Controla a Paranóia” é um tema instrumental curtinho, surgiu de uma ideia do Sebastião, uma melodia de quatro notas num sinth grave que gerava muito suspense. Nós em conjunto pegamos nessa melodia e demos-lhe direção e espaço. Foi das primeiras músicas em que fizemos um arranjo de raiz para duas guitarras e o resultado foi muito positivo. A música tem algo de fantasmagórico na primeira metade e foi esse ambiente que inspirou tanto o vídeo, a escolha de teclados ou até a decisão de a música não ter voz. Achámos que a voz iria prender o tema a um certo imaginário que não seria exatamente o apropriado, assim fica ao cabo de cada um dos ouvintes ter a sua própria interpretação.
A acompanhar a música, lançaram o videoclip filmado em Stop Motion por Miguel Ângelo. Como surgiu?
Manuel Belo: Foi mais uma experiência do tipo, “vamos ver até onde conseguimos ir com esta ideia”, e tivemos sorte pois o Miguel Ângelo não se importa de experimentar algumas ideias absurdas do nosso lado, portanto fomos fazendo a cena, com muita paciência (Stop Motion I am right?) e algum tempo, mas sempre passo a passo, tentando também dar alguma “ordem” às ideias que íamos tendo e tentar que tudo fizesse algum sentido (ou não)! A ideia original surgiu talvez de um pensamento derivado do cansaço e falta de horas de sono, depois de um ensaio tardio, quando foi a hora de arrumar tudo e ir para casa, só imaginei os pedais e os cabos e afins a irem ordenadamente para o seu sítio, uma ideia totalmente derivada da preguiça! Rapidamente essa ideia tornou-se “humm… será que os pedais tem vida quando ninguém está a ver?”, tipo no encontro da questão da árvore que cai na floresta, se não está ninguém por perto, será que ela fez som? Não sei se é bem assim, mas é do género! Depois achámos todos que esta ideia podia casar bem com a malha “Controla a Paranóia” e pronto, o resultado é o que está à vista!
O que nos podem revelar sobre o álbum a ser editado em outubro? O que podemos esperar de novo?
José Deveza: Podemos mostrar! É sempre mais fácil para os seguidores e os fanáticos de C!E verem o que nós fazemos do que explicar, apostamos e já temos excelentes obras realizadas a acompanhar o nosso repertório. Quem ouvir o novo álbum é lançado numa revolta de músicas com um cheiro de atitude nova, o que já tínhamos, combinado com espaço em que se introduz ideias para os nossos fãs ouvirem traduzido em tesouros escondidos e os leads sonantes. Podem esperar para o novo álbum mais qualidade, mais riffs estrondosos, mais leads, mais vozes, mais peso!
Onde podemos ver Conjunto!Evite ao vivo? Há concertos agendados?
Sebastião Santos: Vamos começar a tour do novo disco no dia 1 de setembro com um concerto no Cabra Negra na Marinha Grande e em breve divulgaremos as restantes datas, estejam atentos ao site e às redes sociais! (Facebook, Instagram, Twitter)