Uma polémica surgiu em relação à edição deste ano do festival Bons Sons, com um concerto do Homem em Catarse no passado dia 11 de Agosto, na Igreja de São Sebastião.
A polémica despoletou-se quando foi divulgado um vídeo dessa actuação, onde se o músico a actuar no altar da igreja. Muitos criticaram na internet a utilização da igreja para um concerto, levando a própria Diocese de Santarém a emitir um comunicado, revelando que o Bispo de Santarém não teve “conhecimento prévio de que a Igreja de São Sebastião de Cem Soldos iria ser usada para espectáculos do Festival Bons Sons”.
Interrogado pelo jornal i, o pároco de Cem Soldos, Luís Martinho, garante ter dado autorização para a utilização da igreja por parte do festival, mas não terá informado a diocese. Luís Martinho desvalorizou a situação, considerando-a “uma polémica em torno de um único concerto numa lista de muitos outros”.
Agora, no seguimento da situação relacionada com a utilização da Igreja de São Sebastião para realização de concertos no âmbito do BONS SONS, a organização do festival comunica o seguinte:
O envolvimento da igreja no BONS SONS é e sempre foi público e os concertos são realizados com a autorização das entidades competentes. Ninguém consegue imaginar que faríamos oito concertos anuais, há dez anos, à revelia das pessoas e das entidades competentes. Todos os agentes locais da igreja têm conhecimento e dão autorização para a realização dos concertos.
Realçamos que a comunidade não se sente ofendida com esta situação, nem nunca recebemos nenhum comentário menos simpático por parte dos visitantes do festival. Esta “indignação” surge de pessoas que não conhecem Cem Soldos, nem o BONS SONS e teve apenas como base um vídeo de 1 minuto que não representa o concerto, muito menos o projeto. Esta polémica parte de pessoas ultra conservadoras que têm uma visão muito fechada da Igreja Católica, que não vai ao encontro da visão e da harmonia promovidas pelo BONS SONS. O vídeo que originou o manifesto não é de um concerto de rock. Tratou-se de um concerto intimista, com voz e guitarra, dedicado ao interior do país, às suas paisagens e aos problemas de desertificação. O pequeno excerto apresentado retrata apenas o final mais efusivo e feliz do concerto. Todas as reações que temos recebido são de pleno agrado e de felicidade por conseguirmos levar a bom porto esta parceria. O artista em questão tem uma relação de proximidade com a aldeia, tendo já gravado um vídeo em Cem Soldos e feito uma música sobre Tomar (https://www.youtube.com/
O BONS SONS é um festival comunitário. Um festival que promove e ativa a comunidade, criando um discurso em torno do bem comum. Todos encontram um sentido na comunidade através do festival. Todos – novos e velhos – têm um papel nas equipas de comunicação, produção, técnica e acolhimento. Outros, por sua vez, cedem terrenos e espaços. Assim como a comunidade, as instituições locais também são envolvidas, todos os espaços e equipamentos são utilizados para a programação e acolhimento de serviços do festival. A aldeia é vista como um todo e fechada para ser aberta aos milhares de visitantes que se associam a esta visão. O BONS SONS, durante todo o ano, também contribui para a promoção do envelhecimento ativo e apoia o projeto escolar, entre outras atividades culturais e sociais. Durante o BONS SONS, a Igreja de São Sebastião, entre as 14:00 e as 16:00, tem sido palco de projetos mais intimistas e de raiz popular. Projetos que tiram partido das propriedades acústicas, da intimidade e da frescura do espaço (note-se que, em Cem Soldos, podemos ter uma temperatura de 40º durante a tarde). A igreja é um espaço de comunhão e casa perfeitamente com a missão do BONS SONS.
Desde sempre, lembramo-nos que a Igreja de São Sebastião tem sido espaço de encontros de coros, concertos e, desde 2008, palco do BONS SONS. O SCOCS, associação local responsável pelo BONS SONS, desenvolve um trabalho de continuidade, existindo um trabalho de parceria e de mútuo respeito entre todos os agentes locais.
Como diz Papa Francisco: “Um cristão sem alegria não é cristão; um cristão que continuamente vive na tristeza também não o é. Quando a Igreja é medrosa e não recebe a alegria do Espírito Santo, ela adoece, as comunidades e os fiéis adoecem”. O BONS SONS vive da alegria de uma comunidade que não é perfeita mas que trabalha para ser melhor. Crentes e não crentes trabalham em conjunto para o bem comum.