Decorrido praticamente um ano depois da estreia de “HAMLET” e após o excelente retorno da crítica e a insistência do público em tê-lo novamente em cena, a Companhia do Chapitô volta a apresentar, de 24 de Janeiro a 24 de Fevereiro, esta inadaptação colectiva que promete novidades na sua encenação e interpretação.
A 36ª criação colectiva da Companhia do Chapitô segue as linhas mestras do texto original do escritor e dramaturgo inglês William Shakespeare, mas propõe uma reflexão despretensiosa, mordaz e pejada de humor sobre vários aspectos da realidade física e social. Segundo Claúdia Nóvoa, coreógrafa da peça, “é uma outra maneira de contar a história, procurando encontrar o absurdo e o insólito das situações, derrubando pelo caminho as paredes que limitam a imaginação do público”.
Neste “Hamlet”, o enredo é transposto para a modernidade, fazendo uma analogia entre o outrora Reino da Dinamarca, onde tem lugar a peça original, e uma qualquer empresa multinacional dos tempos actuais. Pese embora o tempo – cronológico entenda-se – decorrido entre uma peça e outra, as temáticas abordadas permanecem as mesmas. Fala-se de traição, abuso e jogos de poder, de assédio, da procura voraz e sem escrúpulos do lucro e de inafectividade.
Na inexistência de cenário e usando um figurino simples e contemporâneo (fato e gravata), o trabalho do actor não fica restringido à representação ou interpretação de uma personagem, até porque todos são Hamlet. Nesta adaptação surpreendente, inteligente e imaginativa comunica-se com a palavra mas também com o corpo, com o gesto, com o som. O hiper-realismo da peça e o recurso constante a onomatopeias transporta o público para uma viagem verdadeiramente sensorial e cinematográfica.
Com direcção de José Carlos Garcia, Cláudia Nóvoa e Tiago Viegas e interpretação de Jorge Cruz, Susana Nunes, Patrícia Ubeda e Tiago Viegas, “HAMLET” ficará em cena no Chapitô de 24 de Janeiro a 24 de Fevereiro, de quinta a domingo, às 22h00.