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Captain Boy: «Ao seres mais puro a fazer música, transparece a quem está a ouvir»

Captain Boy: «Ao seres mais puro a fazer música, transparece a quem está a ouvir»

Captain Boy é o alter-ego de Pedro Ribeiro. Vagabundo com voz rouca e guitarra a tiracolo que canta histórias que transcendem o tempo.  O nome “Captain Boy” é inspirado numa história de Júlio Verne, escrita em 1878. Dick Sands, com 15 anos, torna-se comandante de um navio que ruma da Nova Zelândia a Valparaíso.

Conversámos com o músico após o seu concerto no Bons Sons deste ano, e explicou-nos a origem do seu primeiro álbum, a importância que a plataforma Tradiio teve para a sua carreira e não só.

O primeiro EP do Artista foi editado em 2015, com a distribuição digital da Universal Music Portugal. No mesmo ano, e resultado da parceria com a plataforma Tradiio, Captain Boy chegou ao primeiro lugar do Top50 das mais de 1200 bandas a votação no Tradiio e foi o primeiro Artista a ser escolhido para abrir o palco EDP do Festival Super Bock Super Rock em Julho de 2015.

O disco de estreia de Captain Boy chama-se “1” e foi editado em Janeiro de 2017 pela Moon Records. Um álbum sobre fragilidades que começa no número um da capa escrito numa placa de ishihara, que Captain Boy não lê porque é daltónico, e que termina quando chegamos a casa, na última música.

CA (CA Notícias) – O teu álbum de estreia, editado este ano, chama-se ‘1’. Porque?

CB (Captain Boy) – É por ser o primeiro, mas o nome do álbum foi decidido depois de ter arranjado a roupagem que queria dar ao álbum. Quis compor o álbum muito despido de tudo, para gravar rapidamente em estúdio, sem grandes efeitos. Decidi que só ia dar nome ao álbum quando terminasse as gravações, de forma a ver para onde é que o álbum me transportaria. Reparei que havia um padrão em relação às minhas fragilidades, de música para música. Achei por bem dar o nome ‘1’ ao álbum porque acaba por transmitir uma fragilidade minha, o facto de ser daltónico, acabando por colocar na capa do álbum um teste de Ishihara (testes usados para detecção de daltonismo).

CA – Não tens problemas em expor as tuas fragilidades?

CB – Se estou a tocar e se as pessoas estão a perder tempo para me ouvir tocar, tenho de dar algo em troca, não posso ser falso.

CA – Consegues explicar o boost que o Tradiio te possa ter dado na carreira?

CB – Foi um marco extremamente importante para a minha carreira. Quando recebi a informação por mail que o EP tinha sido escolhido pela Tradiio, eu pensei que era spam (risos). Não pensava que era possível. Tendo sido escolhido para abrir um dos dias do Super Bock Super Rock em 2015, achei por bem convidar um músico de cada banda de Guimarães de altura e juntar-mo-nos lá. E quando chegámos lá recebi uma mensagem da Filipa (actual agente do Captain Boy), que queria falar comigo no final, o que me meteu mais pressão em cima. Mas felizmente tudo correu bem.

CA – O nome “Captain Boy” é inspirado numa história de Júlio Verne ‘Dick Sands, The Boy Captain’ – escrita em 1878. És um leitor assíduo?

CB – Sou, e particularmente fã de distopias. O meu livro favorito é o ‘1984’, e adoro também o ‘Admirável Mundo Novo’ do Huxley e o ‘Nós’ do Zamyatin.

CA – Tiras inspiração literária para as tuas músicas?

CB – Sim, mas não directamente para nenhuma música deste álbum em específico. Também tiro dos filmes. Por exemplo, a ‘Honey Bunny’ foi inspirada no ‘Pulp Fiction’. Tudo o que nós consumimos acaba sempre por nos influenciar.

CA – Existe uma cena musical de Gumarães?

CB – Sim, está a acontecer algo neste momento. Existem muitos projectos a crescer em Guimarães. Foi algo natural. Não sei se poderemos chamar de “cena”, mas está a acontecer. É fixe ver os nossos amigos a tocar por todo o lado, e ver o Valter Lobo aqui ou Toulouse noutro palco.

CA – O que significa para ti, a existência e o sucesso dum festival que aposta apenas no que é feito por cá?

CB – Parece que existe uma central energética aqui em Cem Soldos, pões um pé na aldeia e sentes a energia a correr por ti. Sentes que há boa energia no olhar das pessoas. É um festival que existiria no mundo ideal em que não existiria dinheiro. Percebes que as pessoas fazem isto por vontade e isso nota-se.

CA – Há algum concerto que consigas escolher como o melhor concerto que já tiveste?

CB – Isto é uma viagem. Se fores viajar a um sítio que não conheces, a tua atenção vai ser muito maior do que se tiveres a fazer o caminho de volta para casa. E como todos os concertos são distintos, todas as viagens são diferentes, com pessoas e locais diferentes. Vou desfrutando sempre das viagens que faço, e portanto não consigo distinguir um concerto como o melhor da minha carreira.

CA – Que albuns ou bandas tens ouvido ultimamente? E quais as que te influenciam mais na criação musical?

CB – Tenho ouvido mais coisas antigas dos anos 60, 70, e Stone Dead também. Tom Waits, Jeff Buckley, Leonard Cohen, Bob Dylan, The Doors são as referências.

CA – Achas que existe alguma relação com a dificuldade em identificares novos músicos ou bandas como referências?

CB – Tem a ver um pouco com a forma como a informação se processa neste momento. Nos anos 60, 70 não tinhas telemóveis ou computadores, logo as pessoas sentiam mais, olhavam mais para as coisas. Nós agora estamos sempre focados nos telemóveis por exemplo. Eu acho que ao seres mais puro a fazer música, tal como acontecia nesses anos, isso transparece a quem está a ouvir. É a minha opinião.

CA – Uma frase sugestiva para quem não conhece a tua música

CB – Se quiserem ouvir um gajo confuso, oiçam-me (risos).

CA – Se para o ano te convidarem para o Bons Sons, vens?

CB – Mesmo que não me convidem, venho ver o festival!

Fiquem com ‘Honey Bunny’, um dos singles de ‘1’:

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