Começou ontem a 4ª edição do Belém Art Fest, o festival que leva a música a alguns dos lugares mais emblemáticos de Belém, durante a noite. Ontem tivemos o prazer de assistir a actuações de Beatriz Pessoa, Selma Uamusse, Noiserv e Marcelo Camelo. Leia o resumo da primeira noite do Belém Art Fest 2018.
Numa noite bonita de Verão, mas mais fria do que estamos habituados nesta altura do ano, iniciou a edição de 2018 do Belém Art Fest. Com palcos montados no Claustro do Mosteiro dos Jerónimos, Museu Coleção Berardo, Museu Nacional de Arqueologia, Picadeiro do Museu dos Coches, Jardins do Palácio de Belém e no Museu da Presidência da República, motivos não faltavam para descobrir estes locais à noite com óptima música por trás.
O concerto de Beatriz Pessoa foi o primeiro a que conseguimos assistir, e foi a melhor forma de iniciar a nossa passagem por este festival. No Museu Nacional de Arqueologia, num palco improvisado, a nova coqueluche do pop português apresentou as músicas dos seus dois EP e ainda nos deu a sua versão de uma música que escreveu para o novo disco de Cristina Branco, “Namora Comigo”.
Alternando entre faixas em português e outras tantas em inglês, a sua música delicada e suave soam ainda melhor ao vivo e a promessa terá certamente um futuro risonho.
@Nuno Conceição/Everything is New
De seguida foi tempo de darmos um salto ao lindíssimo Mosteiro dos Jerónimos, mais concretamente ao seu Claustro, de onde era possível assistir ao concerto de Selma Uamusse debaixo de um céu estrelado e sob o maior eclipse lunar do século. Algo que notamos logo de imediato, é a diferença de estilos musicais dos artistas que actuam neste festival, mas com todas as actuações do dia a condizer de forma perfeita com o local simbólico em que actuavam.
Selma Uamusse trouxe os ritmos africanos e dançáveis que se calhar Vasco da Gama, uma das figuras do nosso país sepultadas no Mosteiro dos Jerónimos, já tinha ouvido nas suas travessias marítimas. Com um novo álbum na calha, com data prevista para Setembro, Selma já demonstrou que é mais do que uma voz de coro, como o era por exemplo em Wraygunn. Tem vindo a conquistar cada vez mais espaço de antena, e merecidamente.
@Nuno Conceição/Everything is New
Mais uma corrida, desta vez para o palco montado nos Jardins do Palácio de Belém para ver a actuação de Noiserv, o homem que toca mais de 100 instrumentos e que falou connosco no mês de Março antes do seu concerto no Tivoli
Apresentando-se na Casa do nosso Presidente da República, o primeiro reparo que Noiserv faz na sua actuação é o facto de estar a tocar no dia do Marcelo (o Camelo), na casa do Marcelo (o Rebelo de Sousa). Infelizmente Marcelo Rebelo de Sousa não estava por cá, senão certamente que teria todo o gosto em receber os artistas em sua casa. Noiserv continua o mesmo de sempre, muito comunicativo, e capaz de explicar toda a sua arte entre os intervalos das músicas. Num palcos mais bonitos em que já deve ter actuado, no meio dos Jardins do Palácio de Belém, ouvindo-se água a correr e com a iluminação correcta, não foi difícil criar o ambiente necessário para a intimidade da sua actuação.
Passando pelos seus 13 anos de carreira, foi possível ouvir faixas como “Melody Pops” ou “Tokyo Girl”, passando pelas mais recentes em português do último álbum editado, “00:00:00:00”. Qualquer actuação de Noiserv é sempre obrigatória, mas neste tipo de ambiente, ganha ainda mais importância. Agora esperamos pelo novo álbum.
@Nuno Conceição/Everything is Newhttps://canoticias.pt/noiserv-mostrar-que-os-13-anos-podem-se-todos-fundir-num-so/
Se podemos considerar algum dos nomes do dia como cabeça-de-cartaz, terá de ser Marcelo Camelo. O músico brasileiro reuniu o maior grupo de pessoas para o assistir no Claustro do Mosteiro dos Jerónimos. O compositor que vive actualmente em Lisboa já não actuava a solo na capital portuguesa há mais de cinco anos, por isso este concerto era aguardado com expectativa por parte dos seus fãs. E não desapontou. Vagueando pelos êxitos da sua carreira a solo e pelos seus Los Hermanos, acompanhado de uma guitarra acústica tentou sempre agradar aos pedidos que vinham da plateia. Já no final, num encore improvisado, o músico apresentou músicas como “Vermelho” e “Santa Chuva”, algumas das preferidas do público português.
Muitas vezes interrompido pelo barulho das gaivotas que sobrevoavam o Mosteiro, Marcelo revelou-se sempre bem-humorado, mas acanhado devido à solenidade do momento e do local, Marcelo Camelo não se cansou de agradecer aos portugueses pela forma como o receberam neste concerto e principalmente no país. Antes de apresentar “Morena”, falou da sua esposa Mallu Magalhães, num dos momentos mais bonitos da noite.
Foi o concerto que nos trouxe as maiores reacções por parte do público, e acreditamos que ficará na memória, tanto do público como do próprio Marcelo, porque actuar naquele palco não acontece sempre.
@Nuno Conceição/Everything is New
Hoje é o último dia de Belém Art Fest, com concertos de Lianne La Havas, Márcia, Mike El Nite, Janeiro, Conan Osiris, Kastrup, Momo, Kimi Djabaté, Tomara, Lucas, Monster Jinx, DarkSunn e Os Compotas, e ainda com visitas guiadas pelo Museu da Presidência da República, Museu Coleção Berardo, Museu Nacional de Arqueologia e no Mosteiro dos Jerónimos. Poderá adquirir bilhetes por 30€ nas bilheteiras espalhadas por Belém.