Chegamos assim à última semana de Março, mas ainda há alguns espectáculos para serem assistidos! Fica de seguida, um selecção das estreias da semana.
Estará em cena no Teatro do Bairro, em Lisboa, até 14 de Abril, o espectáculo Terror e Miséria, de Bertolt Brecht. Com encenação de António Pires, este apresenta um painel da repressão e do terror nazista em 17 cenas curtas, que denunciam os efeitos desse regime no quotidiano do povo alemão. São cenas de julgamentos, da vida de trabalhadores socialistas e comunidades judaicas e da vida escolar da juventude hitleriana, onde se percebe, em cada diálogo, o medo de uma sociedade sufocada pelo nazismo de Hitler. As cenas são aparentemente desconexas e independentes, mas cada uma delas mostra uma faceta do nazismo.
Nos dias 26 e 27, o Theatro Circo em Braga, recebe A Antiga Mulher, de Roland Schimmelpfennig. No centro do espetáculo, está uma história tão antiga quanto a humanidade e, portanto, de uma modernidade constantemente renovada: Romy, antiga amante de Frank, casado há quase 20 anos com Claudia, bate à porta do apartamento do casal. Ela quer encontrar seu primeiro amor, o homem que lhe prometeu há 24 anos, que a amaria para sempre. O autor é explorador dos universos de luz e de sombra das nossas identidades contemporâneas, onde o equilíbrio do feminino e o masculino está em jogo.
Dia 27, Veneno de Cláudia Lucas Chéu, sobe ao palco do Teatro Académico Gil Vicente, em Coimbra. Este possui um texto centrado na ideia da decadência da família no contexto suburbano. Se a família é o paradigma ancestral daquilo que deve ser um governo, ambos manifestam, actualmente, a ideia de crise. A narrativa foca-se nas circunstâncias e consequências trágicas, de um pai recentemente desempregado e falido que decide sequestrar os três filhos depois de assassinar a mulher e o seu amante. O pai e os filhos convivem num espaço exíguo e em condições precárias. Com interpretações de Albano Jerónimo e Luís Puto.
Dia 30, Boa Noite Mãe estará no Centro Cultural Caldas da Rainha. Numa casa de classe média no interior do país, mãe e filha enfrentam uma noite que parece igual a qualquer outra. Porém, ao longo do diálogo, as duas mulheres vão revelando a sua verdadeira natureza, pondo-nos a par do que foi a sua vida até aí. A conversa entre as duas traz à tona o ressentimento, a solidão e a incompreensão de toda uma sociedade, para desaguar, enfim, num libelo à vida, para o entendimento e o amor. Diante do público, vão desfilar ainda todos os outros membros da família, agora ausentes. Com texto de Marsha Norman e encenação e dramaturgia Hélder Gamboa.