O Belenenses apresentou-se aos sócios com mais uma derrota (1-0) deixando o Estoril Praia levar a Taça Vicente Lucas para mais adiante na Linha. Num jogo em que se ficaram a conhecer as dispensas de Domingos Paciência e os adeptos tiveram a oportunidade de observar Cleyton e Róni pela primeira vez, foi o ritmo de passeio e os poucos momentos de interesse que marcaram este encontro entre primodivisonários. Moreira, guarda-redes com vasto currículo na 1ª Liga, foi o herói da tarde ao tirar duas bolas de golo certo com defesas impossíveis.
O jogo começou com as duas equipas a apresentarem-se nos seus esquemas habituais. O 4-3-3 de Domingos era o mesmo, mas os intervenientes eram bem diferentes. Com um meio-campo pouco criativo e de tracção atrás, os azuis não foram capazes de criar a partir do meio, sendo quase sempre a ala direita com Pereirinha e Diogo Viana a funcionar. Os canarinhos entraram melhor e aos 15 minutos Allano viria fazer o gosto ao pé, numa jogada confusa e em que a defesa Belenense voltou a demonstrar muitas fragilidades e graves faltas de concentração. O jogo prosseguiu e o Estoril controlava com bola, sem nunca se expor ao risco e sem forçar muito a retaguarda azul. Os centrais da casa estavam claramente fora do jogo, sobretudo Cleyton, que se fartou de falhar passes e intercepções. Róni, o extremo brasileiro, demonstrou uma clara falta de ritmo e entrosamento, o que é explicável tendo em conta que chegou ao clube há poucos dias. Jesús Hernández também ainda não provou ser alternativa credível a Maurides, sendo que está muito preso, pouco inteligente tacticamente e muito perdulário, não fosse aos 25 minutos não ter conseguido concluir uma boa jogada de entendimento. Antes de Capela apitar para o intervalo, Moreira ainda fez uma defesa impossível a um bom cabeceamento de André Sousa após cruzamento exímio de Diogo Viana. Os destaques numa 1ª metade em que o Belenenses raramente conseguiu criar e em que não demonstrou qualquer tipo de acutilância defensiva, foram Tandjigora e Diogo Viana, que voltariam a brilhar nos restantes 45 minutos. Pererinha também demonstrou que pode ser opção, mesmo depois de ter feito 10 jogos num ano e meio. Persson e Cleyton foram os elos mais fracos.
Quando as equipas voltaram do intervalo e já sem Róni e Pereirinha em campo (Juanto e Sasso entraram para os seus lugares) o Belenenses apostou noutro sistema de jogo que está a dar cartas por essa Europa fora: 3-5-2. O esquema táctico com 3 defesas passou a funcionar melhor com a entrada de Femi e Nuno Tomás, que desempenharam bem as suas funções e foram capazes de dar largura à equipa, como era exigido. O central mostrou que o empréstimo ao Real SC o fez crescer muito. Durante a 2ª parte o Belenenses teve mais ascendente, fruto de uma descompressão estorilista e da entrada de Chaby, que deu mais criatividade ao meio-campo azul. Aos 55 minutos, Jesús Hernández volta a falhar clamorosamente após bom cruzamento de Diogo Viana, que esteve endiabrado. Ainda assim, o jogo não teve muitas ocasiões de golo, sendo o livre espectacular de Maurides aos 90’+4, que voltou a permitir a Moreira brilhar, o melhor momento de todo o desafio. Tandjigora fez os 90 minutos e foi incansável, estando sempre no lugar certo, rápido, conciso, bom a ler o jogo e com um boa capacidade de roubo de bola. Provou assim que merece a confiança de Domingos Paciência.
Este último jogo veio provar o que já se sabia: falta muita coisa a este Belenenses para poder ter uma época tranquila. O nível defensivo que a equipa apresenta não é normal nesta fase da preparação. Os erros são infantis e clamorosos. O ataque tem potencial para crescer e fazer alguns estragos, quanto ao meio-campo, urge a necessidade de não se jogar com tantos homens de cariz defensivo e de características idênticas. O sistema de 3 defesas revelou-se uma boa surpresa e pode ser trabalhado e surtir o efeito desejado. O importante é corrigir os erros e que a equipa possa estar mais oleada para o jogo de segunda-feira frente ao Rio Ave.