Precisamos de um título para de uma vez por todas deitar fora os fantasmas que nos atormentam.
Precisamos de um título para acabar com a desconfiança que os sócios, em geral, olham para o sucesso dos “Novos do Restelo” que temem efémero, dado os fracassos recentes em momentos decisivos.
1989. Já lá vão 26 anos. 26 anos em que a turma de Juanico, Chico Faria, José António e tantos outros heróis, arrasaram, no Jamor, o finalista vencido da Tacá dos campeões europeus, o Sport Lisboa e Benfica.
Aos 25 minutos da Primeira Parte, Chico Faria agarra na bola a meio campo, faz uma cavalgada monumental e, já dentro da grande área adversária, remata ao poste mais distante, estava feito o 1-0; O marcador, festeja como só ele sabe: punho cerrado e um saltitar frenético de alegria.
Benfica iria empatar por Vata, de cabeça, 1-1.
Até que, com um livre bem longe da área, Juanico sentencia a partida. 2-1.
O Belenenses conquistava assim a sua terceira taça de Portugal, o seu último grande troféu.
O jejum de títulos começa a ser desesperante. Em 2007 tivemos a oportunidade de o quebrar. Continuo, hoje, a dizer que se o Ricardo não faz aquela enorme defesa ao cabeceamento do Dady, que ainda bate na barra, a História, desde aí, do nosso clube, seria diferente. Seria o apogeu, não o declínio desesperante que nos estava reservado.
Em 2013 tivemos perto do sonho azul, mas a falta de experiência da equipa na primeira Liga, ditou que fosse o Vitória ao Jamor.
Este ano, a campanha surpreendente da nossa equipa faz-nos sonhar. Entramos em 2015 ainda nas três frentes – taça da Liga, taça de Portugal, Liga Portuguesa.
Quanto à liga, aceita-se (na minha opinião, minimamente, dado o bom futebol que já vi esta equipa praticar) o discurso de só se pensar na manutenção; quanto às taças, se não é para vencer, mais vale a equipa nem equipar.
Estão 8 equipas ainda em prova. O Belenenses está entre as duas formações que mais conquistaram a taça de Portugal. O que aumenta tanto a responsabilidade como a ambição da equipa.
Seria bonito voltar a ver o Jamor vestido de azul, voltar a ver o enorme convívio azul com faixas de todo o país e de todo o mundo, Por exemplo, na final da Taça de Portugal de 2007, havia faixas a assinalar presenças de adeptos de: Suíça, Canadá, Minho, Bragança, Vila Real, Porto, Ermesinde, Vila do Conde, Espinho, Estarreja, Viseu, Repeses, Covilhã, Coimbra, Tomar, Óbidos, Peniche, Elvas, Laranjeiro, Costa da Caparica/Trafaria, Litoral Alentejano, Santiago do Cacém, Faro, além dos núcleos da Fúria Azul, não só da grande Lisboa e Margem Sul, como ainda do Alentejo e de Ovar.
Seria, além de uma grande festa, uma demonstração de Belenensismo que já não se vê há muito tempo.
Nós, após anos de sofrimento, angústia e nervos, precisamos de uma alegria. De uma grande alegria.
Esperemos que este lindo sonho azul continue vivo até Maio, e que aí, chegados ao Jamor, só nos passe uma coisa na cabeça: Vencer.
Só depende de nós.