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Fugly: “Somos uma banda rock, com muita distorção”

Fugly: “Somos uma banda rock, com muita distorção”

Dois anos após o primeiro EP “Morning After”, os Fugly seguem o seu percurso em busca do caos e da excentricidade frenética do noise e do garage, bem como a cura para a ressaca, com o novo “Millennial Shit”.

A banda do Porto lançou na semana passada o álbum “Millenial Shit”, e tivemos a possibilidade falar com Pedro Feio (Jimmy) e Rafael Silver sobre esta obra, a banda, o estado da música actual e o que mais os impressionou em 2017. Destacam os álbuns de Surma, Stone Dead, 800 Gondomar, Luís Severo e os cinco dos King Gizzard.

CA (CA Notícias) – O que vos levou à criação do projecto?

Pedro Feio (Jimmy) – Os Fugly surgiram 2 anos antes, eu tinha algumas músicas guardadas no bolso e não fazia nada com elas. Falei com o Rafael, eu já fazia som aos Lazy Faithful há alguns anos e conhecia-o daí e da faculdade, e perguntei-lhe se ele queria fazer algo com estas músicas que tinha, e ele respondeu: “Siga”. No início foi algo muito descomprometido, nem havia sequer hipótese de montarmos uma banda, era uma cena para curtirmos. Com a passagem do tempo, fomos gostando mais das ideias que tínhamos e juntamos uma banda para a gravação do LP com o Gil na bateria e o Tommy na guitarra que completaram a formação. E foi assim que começou.

Rafael Silver – Na altura não havia uma ideia de continuarmos a trabalhar juntos. Mas resultou bem e o processo foi fluído. Começámos a gostar cada vez mais das músicas, e foi aí que decidimos juntar o resto da malta. Inicialmente a ideia era fazermos nós os dois tudo, mas chegámos a conclusão que era necessário ter uma banda a tocar tudo ao mesmo tempo.

CA – O nome Fugly surge de onde?

RS – É uma brincadeira, vem do nome do Pedro (Feio = Ugly), mas com o ‘F’ antes para ser Fucking Ugly. Inicialmente ele não gostou muito, mas permaneceu.

PF – Creio que foi o Gil que teve a ideia, atirou o nome para o ar. Não gostei nada da ideia…

CA – Para quem não vos conhece, como poderão explicar o vosso som?

PF – Somos uma banda rock, com muita distorção. Tentamos ser o mais crus possíveis dentro do estilo do Rock, e ir buscando influências ao Garage Rock e ao Punk, tanto a bandas antigas como actuais.

CA – “Millenial Shit” é o álbum que poderá explicar o que é ser Millenial a quem não sabe?

RS – Há letras que definem que são mais directas na mensagem que querem passar. A segunda parte do álbum são letras mais abstractas, mas na primeira as músicas são curtas e “grossas”.

PF – Dividimos o álbum em duas partes, em que na segunda nos viramos mais para um lado mais experimental e trabalhado e aí as próprias letras são mais vagas.

RS – O pico da mensagem é na música ‘Yey’, quinta faixa do álbum.

PF – O “Millenial Shit” conta uma história de um tipo que está chateado com a vida, que não arranja trabalhos decentes, que a namorada o deixou, que não tem amigos verdadeiros, sempre a descer até que há um ponto de viragem em que a personagem percebe que não se pode martirizar para sempre. É a partir daí que ele começa a ver a vida noutras perspectivas. A ‘Rooftop’ dá motivação para ele dar essa volta.

O “Morning After” também foi criado à volta de uma história. E os dois álbuns complementam-se mutuamente, contando episódios que as pessoas da nossa geração certamente já experienciaram e assim criar um elo de ligação com quem ouve.

CA – Quais foram as influências para este album?

PF – Gostamos de ouvir todo o tipo de música. Há influências mais directas, as bandas de Garage Rock actuais, como King Gizzard, Fidlar, Ty Segall, Thee Oh Sees, e depois se nos lembrarmos de uma malha dos Radiohead, Clash ou Beatles conseguimos basear-nos para o nosso processo.

CA – Muitas das bandas de Garage Rock caracterizam-se pela sua produtividade e cadência de lançamento de novas músicas e álbuns. Pretendem seguir a mesma tendência?

RS – Gostávamos, mas ainda não temos possibilidade de nos dedicarmos a isto a 100%.

PF – Claro que queremos fechar-nos durante 3 a 4 meses a gravar

RS – E com isso até podíamos fugir um pouco da música que costumámos fazer e explorar novos registos.

CA – As vossas manhãs costumam ser positivas ou muito duras?

PF – Na altura do Morning, eram muito duras. Em termos de ressaca agora é bem pior (risos)

CA – Qual o concerto que estao mais a espera, das datas ja reveladas?

RS – Estamos ansiosos por começar a tocar, estamos parados desde Junho, Julho, e por isso só queremos que isto comece.

CA – O que esperam da tour europeia com os Whales?

PF – Teremos datas de apresentação do álbum em Portugal agora e depois temos a tournée europeia com os Whales, banda de Leiria da Omnichord Records, numa parceria com a Pointlist (a nossa agência), a Omnichord e a Bullet Seed. Vamos ter datas em Espanha, França, Alemanha, Bélgica, Itália, etc. Não vamos ter tempo para parar, mas vai ser fixe.

PF – É a primeira experiência, eu faço som aos First Breath After Coma já fiz som aos Throes + The Shine e o Rafael também tocou com eles durante uns tempos, ou seja já estamos habituados a experiência da Tour, mas eu nunca tive a experiência de tocar, nunca estive no palco nessas situações. Passados dois anos, já tivemos um EP, um álbum e uma tour para o estrangeiro marcada, é espectacular.

Conheçam as datas já anunciadas para a tour dos Fugly:

9 Fev – FUGLY apresentam Millennial Shit + El Señor, Maus Hábitos, Porto, by PL
10 Fev – FUGLY apresentam Millennial Shit + Panado, Damas, Lisboa, by Pointlist
16 Fev – Fugly :: Quina das Beatas, Portalegre, Portalegre, Portugal
17 Fev – Sociedade Harmonia Eborense, Évora
22 Fev – Teatrão, Coimbra, Portugal
23 Fev – Festival Clap Your Hands Say F3st!, Leiria
24 Fev – Teatro de Vila Real, Vila Real, Vila Real, Portugal
2 Mar – Santiago de Compostela
3 Mar – Porta Onze, Monção
9 Mar – SÉ LA VIE, Braga, Portugal
10 Mar – Café Avenida, Fafe

CA – O que destacam do ano passado?

PF – Houve muitos álbuns de música portuguesa que eu apreciei bastante. Os novos dos 800 Gondomar, álbum que o Rafa produziu, o álbum do Luís Severo, o “Antwerpen” da Surma, o “Good Boys” dos Stone Dead, que evoluíram muito e tem um álbum forte e uma grande presença em palco. O concerto dos First Breath After Coma no Primaver Sound também me marcou bastante no ano passado.

RS – Eu fiquei muito satisfeito com os cinco álbuns dos King Gizzard & the Lizard Wizard, gostei das abordagens deles, e o que se destacou mais para mim foi mesmo o “Flying Microtonal Banana”.

PF – Esse destacou-se mais, porque eles mudaram a perspectiva musical. Eles pensaram “A escala não pode ter só 12 notas. Temos de meter mais notas pelo meio” e isso foi uma invenção engraçada, apesar de não ser inédito. Tal o lançamento de muitos álbuns num único ano.

CA – Qual o lugar do Rock na música actual?

PF – A música cada vez é mais electrónica. Não é que seja mau, há albuns recentes muito bem feitos. Mas o Rock é um nicho neste momento, já teve os seus dias de glória, não é algo que passa em muitas rádios hoje em dia, que preferem não arriscar nas suas apostas.

RS – Numa entrevista feita ao Frank Zappa ele fala da indústria da música e de como era diferente nos anos 60,70. Em que antes quem mandava na música eram os senhores de cigarro na boca que nada percebiam de música. Mas tinham dinheiro, e quando alguém aparecia com uma proposta e ideias, eles arriscavam. Agora perdeu-se a vontade de arriscar. E é daí que vem o movimento indie até.

Depois de lerem esta nossa conversa com os Fugly, impõe-se que seja ouvido o álbum ‘Millenial Shit’ e digam-nos a vossa opinião!

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