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Crítica: “A Febre das Tulipas” (Tulip Fever)

Crítica: “A Febre das Tulipas” (Tulip Fever)

Realizado por Justin Chadwick, “A Febre das Tulipas” é inspirado no livro com o mesmo nome de Deborah Moggach. O filme está pronto desde 2014, mas só agora chega aos cinemas.

Conta-nos a história de Sophia (interpretada por Alicia Vikander), uma jovem que vivia num orfanato e foi resgatada por Cornelis Sandvoort (Christoph Waltz) depois de um negócio que assim a tirou da pobreza. Este é um homem com algumas riquezas, que depois da morte da sua mulher ainda deseja ter um herdeiro. Entretanto, contrata um artista, Jan Van Loos (Dane DeHaan), para pintar os seus retratos e Sophia apaixona-se pelo pintor, com quem acaba por viver uma grande paixão em segredo.

Em paralelo com Sophia e Van Loos, também nos é apresentada a história de Maria, a sua criada, e de Willem, um pescador que adere à febre das tulipas. Mais tarde, o pintor e Sophia decidem arriscar tudo o que têm no mercado das tulipas, para conseguirem ter uma vida juntos, longe de Cornelis.

Penso que é importante, desde já, situar este filme cronologicamente e explicar o seu título. A trama passa-se em Amesterdão, no Séc. XVII, altura em que começaram a ser plantadas as primeiras tulipas nos Países Baixos. As flores eram bastante procuradas pela sua beleza e por isso o seu valor foi aumentando, o que tornou o comércio dos bolbos das tulipas bastante lucrativo. Em plena febre das tulipas (ou tulipomania) começaram a ser feitos leilões, onde as tulipas eram vendidas a preços exorbitantes.

Sendo que o título remete imediatamente para o mercado das tulipas, este devia ser mais explorado no filme. As cenas em que vemos os leilões são de pouca duração, o que não permite ao espectador entrar realmente nesta febre. Apesar da loucura visível à volta deles, não parece ser algo tão grandioso como realmente foi.

Como referi, Sophia é a protagonista do filme e a sua relação com Van Loos é o ponto fulcral. No entanto, a maneira como esta relação começa é demasiado rápida e sem indícios de amor. Vemos o pintor a trabalhar no retrato de Sophia e Cornelis e, assim de repente, sem um olhar nem nada, percebem que estão apaixonados e no dia a seguir correm para os braços um do outro. A rapidez com que isto acontece deixa-nos a questionar se existe mesmo ali amor ou apenas uma grande paixão e um enorme desejo sexual. No filme temos também várias cenas de sexo que duram mais do que era necessário e que apenas funcionam porque ficam esteticamente bonitas.

Por outro lado, temos outro casal, Maria e Willem, com o qual simpatizamos desde início. Ao contrário das outras personagens, estes dois não vivem uma vida fácil e têm de trabalhar. Maria é a criada de Sophia e por isso ainda tem uma certa ligação com as classes mais ricas, mas Willem é apenas um pescador que está sempre a tresandar a peixe. Estes dois namoram às escondidas e têm alguns obstáculos entre eles. Pelo meio do filme alguns acontecimentos fazem com que fiquem separados, mas nunca duvidamos do seu amor e torcemos para que fiquem juntos. Roubam, portanto, as atenções ao casal protagonista, porque desejamos mais cenas entre estes dois e não tanto entre Sophia e Van Loos.

O filme começa por ser apresentado em forma de narração precisamente por Maria e vão sendo dadas pistas sobre o final. É fácil perceber logo que a relação entre Sophia e Van Loos vai causar alguns problemas. Aliás, ao longo da trama dão-se imensas peripécias que podemos pensar, desde logo, que vão terminar mal. “A Febre das Túlipas” não tem muitas surpresas e muitos acontecimentos são previsíveis, incluindo o final.

Relativamente ao elenco, posso dizer que é de luxo, mas isso não é suficiente para tornar o filme excelente. Alicia Vikander, Dane DeHaan, Christoph Waltz, Judi Dench, Cara Delevingne, Jack O’Connell, Holliday Grainger e Zach Galifianakis são os nomes que aqui podemos encontrar.

A personagem de Alicia Vikander é muito idêntica a outras que já foram interpretadas pela atriz (por exemplo, em “A Rapariga Dinamarquesa” ou “A Luz entre Oceanos”) e esperemos que isto não leve a uma saturação da sua imagem. É de lembrar que neste filme temos também um reencontro entre Dane DeHaan e Cara Delevingne, que depois de “Valerian e a Cidade dos Mil Planetas” voltam a fazer parte do mesmo elenco – ainda que aqui as suas personagens não interajam muito uma com a outra.

“A Febre das Tulipas” não é um filme mau, porque até é bastante agradável de se ver e consegue mostrar um pouco do ambiente da Holanda no Séc. XVII. No entanto, no final do filme pensamos que tudo acontece muito rápido e é como muitos outros filmes que já foram feitos.

Chega esta quinta-feira, dia 12, às salas de cinema portuguesas.

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