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Crítica: “O Círculo” (The Circle)

Crítica: “O Círculo” (The Circle)

Baseado no livro homónimo de Dave Eggers, lançado em 2013, The Circle apresenta-se como uma visão futurista sobre o impacto das novas tecnologias na sociedade – com maior destaque para a privacidade, ou falta dela.

A premissa é muito promissora, imaginem uma junção do Google com o Facebook para saber o que cada pessoa gosta/quer/precisa e tornar a vida de todos melhor… mas que não deixa de ser controlada por humanos que sentem uma necessidade de poder.

A maioria das pessoas ao ler a descrição anterior irá recordar-se do Big Brother no livro 1984, de George Orwell, ou dos ensaios disruptivos e realmente futuristas como os de Aldous Huxley ou Ray Bradbury.

Infelizmente, esta obra tenta apresentar-se com uma dimensão disruptiva mas a acaba por resultar em algo muito inócuo. As ideias são apresentadas uma atrás de outra, sem haver nenhum desenvolvimento produtivo sobre elas.

E, se enquanto nos autores referidos anteriormente houve uma visão realmente futurista, em The Circle as ideias apresentadas não são novas, quase todas elas tem sido muito estudadas ao longo destes anos e não serão para um futuro tão distante – pelo menos as bases científicas e tecnológicas dessas mesmas ideias.

Por exemplo, a ideia de desenvolver um sistema em que os carros funcionem em rede e que detectem obstáculos. Esta ideia está a ser desenvolvida e testada na nossa sociedade mas em The Circle, que é passado no futuro, a ideia é “inovadora” e ainda terá de ser desenvolvida. Claro que na comparação estou a ter em conta o ano de  2013, data do lançamento do livro em que a história foi baseada.

Por outro lado, a comparação com Black Mirror é instantânea mas até neste caso The Circle perde, tanto no ataque feroz e incisivo como no tratamento dos temas – na série cada episódio aborda um tema, dando mais tempo para a construção de uma ideia.

Num filme que refere tantas vezes a ideia de “acabar com o potencial desperdiçado”, acaba por ser frustrante  ver o filme desperdiçar esse mesmo potencial.

Mae (Emma Watson) é a protagonista principal e, ao contrário do habitual, não tem nenhuma história amorosa a sustentar o seu desenvolvimento durante o filme – uma decisão mais que acertada. Acaba por ser a personagem mais desenvolvida do filme…. o problema é ter sido a única personagem desenvolvida do filme, havendo casos gritantes de personagens que o desenvolvimento foi praticamente esquecido, como o de Ty (John Boyega), um dos fundadores, ou de Mercer (Ellar Coltrane).

Destaque também para a participação de Tom Hanks (CEO, Eamon Bailey) que tem uma interpretação segura e convincente, nas poucas cenas em que aparece.

O filme precisava de ter uma duração maior ou ter sido dividido para não ser tão pouco humano no desenvolvimento das personagens e para ter uma maior reflexão nos vários conceitos apresentados.

Em conclusão, o filme parte de uma boa premissa mas nunca atinge o potencial que se esperava na abordagem aos temas. Tem alguns momentos interessantes, como o da entrevista de Mae, mas será – provavelmente – esquecido pela falta de empatia criada com as personagens e um final que não satisfaz.

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