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Crítica: “Jogo da Alta-Roda” (“Molly’s Game”)

Crítica: “Jogo da Alta-Roda” (“Molly’s Game”)
O “Jogo da Alta Roda” é o primeiro filme realizado por Aaron Sorkin, o conceituado argumentista responsável por filmes como “Moneyball” ou “A Rede Social”. O “Jogo da Alta Roda” conta a história verídica de Molly Bloom, uma esquiadora com ambições olímpicas, que se transformou na “Princesa do Poker” dos EUA anos mais tarde, ao organizar jogos privados de Poker para a alta-roda da sociedade.

Antes de começar a falar do filme, tenho de fazer uma declaração de interesses. Sou um grande fã dos argumentos de Sorkin, “Moneyball” é dos meus filmes favoritos dos últimos anos, devo ser das poucas pessoas que já viu o “Steve Jobs” mais do que uma vez e “A Rede Social” tem ganho cada vez mais pontos na minha apreciação sempre que eu revejo. Depois disto, vou falar do “Jogo de Alta-Roda” com o distanciamento necessário desses meus gostos pessoais.

Aaron Sorkin que já escreve para o cinema desde 1992 quando saiu “A Few Good Men” decidiu aventurar-se na realização (para além de escrever o argumento) pela primeira vez, “apostando” na história de Molly Bloom. Para quem não conhece Molly e a sua vida, o filme retrata os aspectos necessários para compreendermos todas as decisões tomadas por ela. Molly desde cedo convivia com a exigência da excelência académica e desportiva, tendo pretensões de se tornar uma esquiadora olímpica. Tal não aconteceu devido a um instante de azar (segundo é retratado no filme) e a partir daí começa um caminho atribulado até se tornar na denominada “Princesa do Poker”, capaz de organizar jogos de Poker com Leonardo DiCaprio, Ben Affleck ou Tobey Maguire, pelo que se sabe.

Jessica Chastain representa Molly neste filme e é a única personagem no filme que usa o nome verdadeiro, segundo afirma. Chastain, de início ao fim consegue apresentar ao público a ideia de uma mulher forte e que consegue tudo o que quer, não deixando cair a sua dignidade durante esses momentos de conquista. Chastain também sabia que estava em boas mãos com Sorkin, porque o argumentista gosta de elaborar e desenvolver personagens cujas histórias de vida representam uma luta constante contra o normal e o sistema. As personagens principais dos filmes em que Sorkin trabalha têm a particularidade de chegarem ao topo em algum momento dos seus percursos, não interessando tanto a forma como isso acontece.

Partindo da história presente no livro de memórias que Molly Bloom lançou em 2014, Sorkin dá todos as armas e munições para os actores presentes brilharem com diálogos ricos e rápidos. Jessica Chastain aproveita, Idris Elba, que representa o advogado de Molly (que faz uma das melhores duplas dos últimos anos com Chastain), também utiliza bem o trunfo, e os restantes actores que vão aparecendo no desenrolar da película também não o desperdiçam, como Kevin Costner e Michael Cera. Quem gosta da escrita de Sorkin, não sairá desiludido da ida ao cinema pelo “Jogo da Alta-Roda”.

No entanto nem tudo neste filme é perfeito. Se como argumentista, Sorkin não precisa de responder perante ninguém, como realizador ainda tem algumas lições a aprender. O ritmo é inconstante e a obra perde-se em alguns momentos que parecem arrastar-se demais, e isso poderá dever-se ao facto de ser ele o realizador de “Jogo da Alta-Roda”, ou seja não há ninguém para lhe dizer que chega de diálogo, e que pode mostrar mais do que contar. Mas este é o seu primeiro filme atrás das câmaras, certamente conseguirá melhorar esse aspecto.

“Jogo da Alta-Roda” é o filme interessante que se esperava: diálogos constantes e ricos, Jessica Chastain excelente no papel e uma história interessante, retratando favoravelmente e pondo-se de um lado da mesma. Não fossem alguns exageros de Sorkin, e poderíamos ter perante nós um filme excelente. No entanto marca em alta o início do ano de 2018 ao nível das estreias cinematográficas.

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