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Entrevista ao Presidente do Clube de Futebol “Os Belenenses” Eng. António Soares

Entrevista ao Presidente do Clube de Futebol “Os Belenenses” Eng. António Soares

A Comunidade Azul foi entrevistar o atual Presidente do clube tendo em vista as eleições a realizar no próximo dia 18 de Outubro. O tema escolhido para a entrevista foram as modalidades, os diversos escalões de formação e os atletas que nelas participam.

As modalidades

CA: Qual é neste momento a função das modalidades dentro do clube?

AS: A função que eu vejo para as modalidades, para além da divulgação do nome do clube, é criar uma base social a nível de associados, ou seja, é cativar pessoas a serem do Belenenses. Atletas que vêem para o clube pela primeira vez e que não são do Belenenses mas que ao fim de alguns anos no clube, já tenham um certo carinho. Muito para além da parte competitiva que também tem que existir e que os seus resultados são importantes nos escalões seniores das modalidades, pois é a parte visível da pirâmide e que os sócios mais avaliam. Para alguns sócios, ter 500/600 atletas na formação não diz muito, diz depois é se os vários escalões têm bons resultados. A minha visão é que o Belenenses tenha uma base de apoio a nível de atletas que depois se acabe por arrastar aos próprios pais, para que com isso consiga cativar mais pessoas para serem adeptos do clube, que é esse o grande papel das modalidades. Quer no futebol abaixo dos 14 anos de idade, quer nos escalões de formação de andebol, quer no voleibol feminino que temos cerca de 170 atletas e o rugby. Nestes últimos anos, com a situação que o clube viveu, esta direção não tinha muitos meios para ajudar as modalidades, é um facto, e tiveram que ser criadas algumas autonomias, que do meu ponto de vista, não é uma coisa muito positiva na vida do clube. Quando aqui chegámos em 2010, a alternativa era: ou acabamos aqui com 2 ou 3 modalidades, que não temos mãos para ir a tudo ou então entregamos as modalidades a um grupo de pessoas que queiram tomar conta . Fez-se isso com o andebol e com o futsal. Atualmente, andebol já regressou à direção do clube. O rugby é uma situação diferente, porque é uma modalidade que já tem uma tradição de autonomia há muitos anos mas que na minha opinião, deve de haver uma maior ligação com o clube, porque quando,por exemplo, vejo os treinos dos miúdos, vejo um de branco, outro de amarelo, o outro está de verde e não fica bem. E com as modalidades o que se passou foi esta mesma questão das autonomias, gradualmente é minha intenção acabar com este sistema de autonomia das modalidades e tê-las geridas por pessoas que estejam ligadas à direção.

CA: Dentro das modalidades, o que podemos reparar, é que existem coordenadores que podem ser treinadores principais das equipas de seniores, jogadores seniores que ao mesmo tempo são treinadores de escalões de formação e até um treinador principal que é diretor desportivo e coordenador da modalidade. Esta é a base para um ano de sucesso nos escalões de formação?

AS: Sim, no que respeita ao futebol de formação este é um dos objectivo da vinda do Pedro Silva para o futebol juvenil. O futebol de formação tem 4 equipas: os iniciados A; os juvenis B; os juvenis; e os juniores. E no topo da formação o objectivo é que todas as equipas joguem todas da mesma maneira, ou seja, um jogador que este ano está nos iniciados A, para o ano vai para os juvenis B, e não vai notar as dificuldades de adaptação, porque o que vai fazer ali, já fazia no ano anterior. Nos mais pequenos detalhes é igual!

CA: No que respeita ao futebol feminino, existiu um “boom” de jogadoras que escolheram fazer carreira no nosso clube. Como é que se dá o inicio da modalidade com os moldes que agora existem?

AS: Dá-se ainda antes de realização da final da Liga dos Campeões Feminina porque o presidente da Federação Portuguesa de futebol aquando a disputa do campeão da 2.ª divisão B, já me tinha dito que tinha uma coisa boa para o nosso clube e que depois falaríamos sobre o assunto. Mais tarde, contactou-me a dar a notícia que a final da Liga dos Campeões Feminina seria no Restelo. Mas ainda antes desse acontecimento tinha aparecido cá a Rita Wallis, que estava no Bobadela, a dizer que as coisas não estavam a correr muito bem e que gostaria de “arrancar” com o futebol feminino no Belenenses. Ou seja, os dois acontecimentos só podiam dar no inicio do futebol feminino aqui no Belenenses. O primeiro ano foi razoável, e este ano há uma aposta clara na subida de divisão.

CA: Relativamente ao Andebol, há aqui um trabalho de coordenação feito pelo Professor Pedro Alvarez, que tem a equipa de formação da modalidade e é treinador dos seniores. Estando por fora, e também assistindo aos jogos, como vê este trabalho?

AS: Vejo como um bom trabalho. É mais um trabalho de continuidade na modalidade, quem joga nos iniciados está preparado para jogar nos juvenis já que o esquema de jogo é o mesmo. Também é de  salientar o bom trabalho na equipa sénior de andebol.

CA: No inicio da época houve um pequeno desentendimento com a estrutura do Basquetebol. Relativamente à inscrição da equipa na Pro-liga, referente a questões financeiras. Algum comentário da sua parte?

AS: O Basquetebol não é autónomo, mas é semi-autónomo, a modalidade vive um pouco do João Machado. Só gradualmente e a pouco e pouco, é que as modalidades vão sendo integradas no clube. Mas referente às modalidades de pavilhão surge a mesma dificuldade: o espaço! Não me parece que exista uma realidade de quatro modalidades a jogarem no mesmo pavilhão. É muito complicado arranjar espaços de tempo para todas as modalidades, quando todas jogam em alta competição. Os clubes que têm quatro modalidades de pavilhão, utilizam dois pavilhões de treino e os sectores de formação treinam em outros pavilhões.

CA: No râguebi, o João Uva, está a fazer um trabalho fantástico com a coordenação, sendo o diretor desportivo e treinador da equipa principal. É mais uma modalidade a ter em atenção?

AS: É uma modalidade com uma grande tradição no clube, mas para lhes darmos ainda mais condições, é essencial a construção de um mini centro de estágios, e nessas instalações desportivas um campo de rugby com uma boa iluminação noturna. Neste momento, a modalidade não tem muitas condições para treinar. Os campos do estádio nacional não têm muita luz e os escalões têm locais diferentes para treinar.

CA: Apesar de o triatlo ser semi-autónomo do clube, quais são as relações do clube com a modalidade?

AS: São muito boas, a modalidade é muito bem organizada, os seus atletas e a equipa técnica são pessoas pelas quais esta direção tem boas relações e assim  pretendemos manter.

CA: E neste momento temos uma nova modalidade, o Subbuteo. Como surgiu o aparecimento desta modalidade no clube?

Foi através do Luís Filipe Silva, que me solicitou um espaço para a modalidade, que já esteve ligado a este desporto, e conhece um vice-campeão europeu. Pode ser que seja uma surpresa, mas o mais importante é que modalidades sejam aglutinadoras de pessoas.

O novo Espaço comercial

No espaço que está aberto à cerca de um mês e que está a ser um sucesso do ponto de vista financeiro, eu não estava à espera que fosse faturado tanto num mês na loja, tinha a noção que podia ser uma fonte de receita para o clube mas nunca no esquema de estar aberta das 16h00 às 20h00, mas sabia do sucesso que o projecto iria ter, aberto das 10h00 às 21h00, uma coisa que nunca tinha acontecido numa loja aberta com produtos apenas do clube.

Os sócios

CA: Os sócio do clube neste momento já olham para o valor das suas cotas de uma maneira diferente. Como pretende alterar essa visão sobre a quotização?

AS: Vamos ter algumas novidades, mais focadas no que é mais importante, ir a certos aspectos como, onde gastamos dinheiro diariamente, como seja o facto dos combustíveis, ou das compras que efetuamos para a nossa casa, comunicações e seguros. O valor da cota antigamente tinha um valor sentimental, agora com as novas tendências económicas temos de ver o valor de uma maneira diferente. O facto de cada vez termos mais atletas na formação, traz mais pais para possíveis sócios do clube, o que possibilita vantagens para ambas as partes.

As infra-estruturas e os valores

CA: Qual é a grande dificuldade neste momento referente às modalidades de campo e de pavilhão e como no futuro pensa em ultrapassa-las?

Neste momento dentro do clube estamos completamente entupidos e não podemos crescer para mais lado nenhum. O projecto passa por desenvolver a “cidade Belenenses”, um projecto na qual eu acredito. O clube está num patamar de equilíbrio financeiro, que não dá grande esforço, não vale a pena andar a vender o projecto desportivo, porque não há dinheiro. 40% da receita está alocada para o pagamento da dívida antiga, o resto é para pagar a funcionários, para pagar impostos e fornecedores o que sobra para a atividade desportiva é muito pouco. Se pudermos alocar cerca de 20% para a atividade desportiva é muito. Para uma instituição que se dedica à atividade desportiva é um pouco contra-natura ter uma percentagem tão baixa para o desporto. O que se pretende não é ter mais 10%, é ter mais 60% para a atividade desportiva para que se possa dar um salto para um patamar adiante. Esta solução a que se chegou agora ocupa 20% dos terrenos do estádio, sendo que desses, 15 são no topo norte, local onde não se pode construir nem pavilhões, nem campos. Este projeto por ano vai dar um milhão de euros, atualizados. Recebemos sempre 20% da receita gerada, mesmo se a receita estagnar. A única infraestrutura que desaparece é o campo n.º 3, mas em contra partida vamos construir dois campos com medidas oficiais, que antigamente não tínhamos e que nos vai obrigar a construir o pavilhão e a piscina debaixo dos campos, mas qual é o clube que agora não tem? Todo o dinheiro gerado pelas receitas, é para ser investido, nas modalidades, nos sectores de formação e nas pessoas, porque o resto está perfeitamente resolvido. O que pretendemos criar com este projeto é um pavilhão unicamente para a prática de basquetebol e voleibol, sem bancadas, porque as medidas de jogo são mais pequenas.

CA: Existe também a possibilidade da construção de um mini centro de estágios para as modalidades, neste caso no concelho de Oeiras?

AS: É possível. Existem alguns terrenos já assinalados, e com a existência desta receita gerada, muito mais rapidamente do que esperamos, a construção de um mini centro de estágio, perto do Restelo, nunca a mais de 6/7 minutos, o que traz mais proximidade, e puxa mais pessoas ao clube. A possibilidade de ser um terreno na cidade de Lisboa foi uma hipótese, mas se fossemos o Benfica ou o Sporting era mais fácil, e também estamos perto do concelho de Oeiras.

O lema da campanha

CA: Qual é o lema da candidatura e o porquê da escolha desse lema?

AS: Crescer para vencer, com alguma razão. O Belenenses tem que crescer em infraestruturas, tem que crescer em número de sócios, tem que crescer em recursos financeiros, tudo isto com um único objectivo: vencer.

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